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O aiatolá Ali Khamenei durante funeral de guardas mortos em explosão | khamenei.ir/AFP
O aiatolá Ali Khamenei durante funeral de guardas mortos em explosão| Foto: khamenei.ir/AFP

Represália

Punição por viagem a Israel

O Parlamento do Irã aprovou ontem uma lei para punir com mais dureza cidadãos iranianos que ousem viajar a Israel. Pela no­­va lei, qualquer iraniano que visitar Israel pode ficar preso entre dois e cinco anos, além de perder o passaporte por entre três e cinco anos.

No passado, a punição para essas viagens era de um a três meses de prisão, mas sentenças mais duras chegaram a ser impostas em alguns casos.

A lei prevê exceções para aqueles autorizados pelo Ministério das Relações Exteriores.

A Alemanha descarta uma intervenção militar no Irã por causa do controverso programa nuclear do país, afirmou ontem o ministro das Relações Exteriores, Guido Westerwelle. Já a Grã-Bretanha não exclui essa possibilidade.

"Nós não tomamos parte na discussão sobre intervenção militar", afirmou Westerwelle ao chegar em Bruxelas para reuniões com ministros das Relações Exte­­riores da União Europeia. "Acre­­ditamos que essas discussões são contraproducentes e as rejeitamos."

Já o ministro das Relações Ex­­teriores da Grã-Bretanha, William Hague, disse que não exclui a possibilidade de ação militar. "Nós não estamos considerando isso no momento. Não estamos pedindo ou defendendo uma ação militar. Ao mesmo tempo, dizemos que todas as opções permanecem para o futuro."

Hague disse que nos próximos meses deve aumentar a "legítima pressão pacífica" sobre o Irã, co­­mo parte de uma estratégia dual sobre o programa nuclear do país.

Obama

A pressão também parte dos EUA, que não descartam a opção de uma ação militar. O presidente Barack Obama, no entanto, ressaltou que acredita na possibilidade de trabalhar com a China e a Rús­­sia para continuar a pressionar Teerã e evitar que o governo iraniano se esforce pela fabricação de armas nucleares.

Depois de se reunir com líderes da China e da Rússia às margens da cúpula da Cooperação Econô­­mica da Ásia-Pacífico (Apec, na sigla em inglês), no Havaí, Obama disse que os três concordaram com a necessidade de garantir que o Irã não se torne uma potência nuclear. Obama afirmou ainda que o "mundo está unido" contra um Irã isolado, e que as sanções estão prejudicando a economia do país.

"Não deixamos nenhuma op­­ção fora da mesa", declarou o presidente, quando indagado se a ação militar deve ser considerada em algum momento.

O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, disse na sexta-feira, em tom desafiador, que os EUA e Israel terão uma resposta dura caso ataquem o país.

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OpiniãoRoger Cohen, colunista do jornal The New York Times

Conter e constringir o Irã

Em 1980, Saddam Hussein invadiu o Irã. Ele considerou que os iranianos estavam divididos demais pela sua revolução, que já durava um ano, para oferecerem resistência. Errado: os iranianos estavam galvanizados, a última oposição interna à teocracia do aiatolá Khomeini foi esmagada, e o Irã ergueu-se unificado para enfrentar o inimigo.

Não há necessidade de se estudar muito profundamente para saber como Teerã responderia se Israel ou os Estados Unidos bombardeassem o Irã numa tentativa de impedir seu programa nuclear. Uma sociedade iraniana que hoje é uma mescla explosiva de depressão, divisão e disfunção – supervisionada por um líder supremo, que nos lembra Leonid Brejnev, da União Soviética, e é incapaz de entrar em acordo com seu errático presidente – se uniria em fúria.

Isso, nas palavras de aviso do Secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, poderia ter "consequências imprevistas". Entre elas: um meio de salvação para a República Islâmica enfraquecida, que a travaria durante uma geração; uma alta súbita nas mortes de soldados norte-americanos nos vizinhos Iraque e Afeganistão; retaliação direta ou indireta (via Hezbollah) contra Israel; uma onda de radicalização justo quando a ideologia jihadista parecia estar cansada; um golpe à economia global com a alta dos preços do petróleo; e uma subsequente corrida iraniana para obter uma arma nuclear, instigada por ressentimentos tão indeléveis quanto aqueles deixados pelo golpe da CIA que derrubou o primeiro ministro Mohammed Mossadegh em 1953.

Resumidamente,os líderes da República Islâmica – mas, enfaticamente, não o povo iraniano – são o inimigo do Ocidente, e o Irã busca capacidade de produção de armas nucleares. Mas o país está hesitante e dividido; e ele não quer guerra. O aiatolá Khamenei está envelhecendo; não está claro como ele seria substituído. Uma futura eleição presidencial dentro de alguns anos irá novamente revelar as contradições paralisantes da República Islâmica.

Tais circunstâncias dão aos Estados Unidos e a Israel espaço para ações eficazes, contanto que evitem um ataque militar precipitado. O objetivo seria aumentar as divisões internas do Irã, não unificá-las numa resolução furiosa.

O Irã, mais imprevisível que a União Soviética, pode ser mantido distante de uma bomba através de medidas que não a ação militar. O que é necessário é uma política de conter e constringir. Conter o Irã através do fortalecimento de defesas israelenses e do golfo. Constringi-lo para fechar o cerco em sua ambiguidade nuclear atual e medidas ásperas para bloquear seu acesso a uma moeda forte.

Como se julga a paciência depende de como se julga o tempo. E o tempo não está do lado da República Islâmica.

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