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Um cidadão alemão que afirma ter sido seqüestrado três anos atrás, preso pela CIA e torturado ao longo de meses no Afeganistão foi aos Estados Unidos buscar um pedido de desculpas do governo americano e uma explicação para sua prisão.

- Quero saber por que isto foi feito contra mim - disse Khaled el-Masri, um alemão de 43 anos, de origem libanesa.

Ele esteve em Washington, onde concedeu entrevista coletiva.

- Quero uma explicação e um pedido de desculpas. A alegação de que isto foi um caso de identidade trocada é absolutamente absurdo - disse ele. - Eles não me acusaram de nada.

O caso chamou a atenção mundial ao programa americano de "rendição extraordinária", e Masri está processando o então diretor da CIA, George Tenet, e vários funcionários da agência americana. A ação pede pelo menos US$ 75 mil em ressarcimento por danos, mas o alemão disse que pode aceitar um acordo se receber pedido de desculpas de Tenet.

O caso foi rejeitado por um tribunal de primeira instância e agora está em segunda. Um juiz, em maio deste ano, decidiu que o caso poderia pôr em risco a segurança nacional, expondo atividades secretas da CIA na guerra contra o terror.

Um dos advogados de Masri teve audiência de apelação na segunda instância na terça-feira e argumentou que o caso não pode ser rejeitado pela Justiça, pois o presidente George W. Bush já reconheceu a existência de prisões secretas da CIA.

O caso levou o Legislativo alemão a investigar o grau de conhecimento do governo sobre as rendições clandestinas.

Masri contou ter sido preso por autoridades da Macedônia no dia 31 de dezembro de 2003, quando estava de férias. Ficou num quarto de hotel ao longo de 23 dias, tendo sido espancado.

Ele disse que, em seguida, foi levado por integrantes da equipe da CIA para os vôos de rendição até o Afeganistão, onde ficou preso durante cinco meses. Segundo seu depoimento, as condições de detenção foram desumanas.

Ele ficou em prisão solitária, sendo privado de sono regular. A comida era pedaços de pele de galinha e osso misturados com água. Ele fez greve de fome, tendo perdido 30 quilos.

Masri contou que alguns de seus colegas de cativeiro contaram que havia gente sendo pendurada pelos braços, sem roupa, em uma sala sem aquecimento, dias a fio. Outros prisioneiros contaram que foram submetidos a ameaça de afogamento em tanques d'água.

Em maio de 2004, ele foi levado à Albânia e solto numa estrada, no meio da noite.

Segundo um advogado da maior ONG de direitos civis dos Estados Unidos, a União Americana pelas Liberdades Civis, os americanos sabiam, dois meses antes de libertar o alemão, que ele era inocente.

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