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Curitiba – A América Latina obteve um incremento em seu Produto Interno Bruto (PIB) de 4,3% em 2005, o terceiro ano consecutivo de expansão, aponta a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Apesar de o crescimento ter sido inferior ao 5,9% registrado em 2004, deve se manter no ano que vem, com estimativa de expansão de 4,1%, diz o relatório anual da Cepal, com sede em Santiago. Os índices alcançados neste ano pressupõem uma alta do PIB per capita próxima a 3% e uma redução do índice de desemprego de 10,3%, registrado em 2004, para 9,3%.

Para o economista do escritório da Cepal no Brasil, Carlos Mussi, o crescimento na região ficou dentro do esperado, com frustrações no desempenho do Brasil (agravado pelas altas taxas de juros) e México. O Brasil foi um dos países que menos cresceram na região (2,5%), ao lado de El Salvador (2,5%) e Haiti (1,5%).

O especialista em História Econômica e Estudos Internacionais Latino-Americanos da Unesp, Enrique Amayo, acredita que o desempenho do Brasil, como a maior economia da região, influencia o crescimento dos vizinhos. "Para a taxa de crescimento na região se manter em 2006, vai depender da situação da economia brasileira. Acho que não haverá bom desempenho." Amayo diz que a política no Brasil está mais voltada para o pagamento de dívidas e não para investimentos. "Cada vez mais as exportações brasileiras estão concentradas em matéria-prima (carne, soja, por exemplo); já os produtos industrializados estão em queda."

Limitação

Rodolfo Coelho Prates, pesquisador da área econômica da Universidade de São Paulo (USP) e professor Unicenp, atrela a queda na taxa de crescimento na América Latina, entre 2004 e 2005, em função de a economia ser baseada em bens de baixo valor agregado, principalmente commodities (produtos não-industrializados com cotação internacional). "Não há espaço ilimitado para crescimento de uma economia restrita a commodities."

Prates avalia que o crescimento na região tem sido " pífio". "Não existe coordenação, estratégias e outras formas que direcionem o crescimento dos países de forma sustentada. É por isso que denominam o crescimento de ‘vôo de galinha’, pois sabem da imprevisibilidade do próximo período".

Frustração

Mussi avalia que a taxa de crescimento ideal para a América Latina seria em torno de 5% e 6%, com perspectivas para redução do desemprego. Mas o cenário para 2006 prevê uma ligeira queda, diz Mussi, a expectativa do mercado internacional é de condições menos favoráveis, de desaceleração.

Em 2005, a América Latina se beneficiou, assim como no ano passado, de um maior dinamismo da demanda interna e de um cenário externo favorável, com um crescimento de 3,3% da economia mundial.

O crescimento regional foi liderado este ano novamente por Venezuela e Argentina, que se expandiram 9% e 8,6%, respectivamente. Os dois países ainda se recuperam da forte queda registrada em 2002. No caso argentino, a dúvida que fica, diz Mussi, é se o crescimento acelerado será financiado por mecanismos inflacionários.

A Argentina tende a consolidar seu crescimento em 2006, com previsão de 6%, diz Amayo. Já Chile e Peru, destaca, vêm crescendo sustentavelmente e acima das estimativas há 5 anos.

Uruguai, Peru, Panamá e Chile, obtiveram crescimento de 6%; seguidos de Colômbia, que se expandiu 4,3%, e Honduras e Costa Rica, que cresceram 4,2%. A Nicarágua teve crescimento de 4%; a Bolívia, de 3,8%; a Guatemala, de 3,2%, enquanto Equador, México e Paraguai registraram 3%.

Apenas cinco países devem registrar em 2006 crescimento superior ao deste ano, com Panamá (6,5%) e Argentina (6%) liderando a expansão.

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