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A batalha terá fim depois de amanhã, quando um número recorde de 130 milhões de norte-americanos deve escolher o novo presidente dos Estados Unidos. De um lado, a experiência do republicano John McCain. De outro, a esperança do democrata Barack Obama. Na decisão do eleitor, pesa a capacidade de cada candidato em resolver a crise financeira e espantar o fantasma do desemprego.

McCain e Obama vêem a economia de formas diferentes. O democrata é mais cético em relação à globalização, acredita no poder do Estado como sentinela do mercado e promete taxar os mais ricos. O republicano é a favor do livre comércio, da desregulamentação e do corte de impostos para todos. Para transferir a mensagem ao eleitor, cada um usou uma tática.

Obama lançou uma frase. "Vou reduzir os impostos para 95% dos americanos." O projeto do democrata prevê aumento de impostos apenas para pessoas que ganham mais de US$ 250 mil por ano – no caso, segundo ele, apenas 5% da população, mas o número é questionado por economistas. McCain devolveu, lançando um personagem. "Joe, o encanador", apelido de Samuel Joseph Wurzelbacher, que ganhou fama após ser invocado várias vezes no último debate presidencial. Mais tarde, declarou apoio ao republicano e passou a ser utilizado na campanha como símbolo das aspirações da classe média e da preocupação com o plano fiscal de Obama.

Boa estratégia

A contar pelo que dizem os eleitores, ambas as idéias funcionaram. No comício de McCain em Columbus, na sexta-feira, a professora de pré-escola Jo Linnbaker, 46 anos, carregava um cartaz em que se lia, de um lado, "John + Joe = Jobs" (John + Joe = Empregos), e, do outro, "I’m Joe the plumber" (Eu sou Joe o encanador). Ela explica: "Meu marido é dono de uma pequena empresa, então nós também somos Joe, o encandor. Também estamos preocupados com as propostas de Obama e o aumento dos impostos".

Nas fileiras de Obama, o discurso do candidato também ecoa entre os eleitores. "Eu me lembro de como era a economia no tempo de (Bill) Clinton. Estávamos em uma situação muito melhor. Até pouco tempo atrás, o galão de gasolina custava US$ 4 dólares. Agora está U$ 2,40 porque os republicanos querem posar de bonzinhos, abaixaram o preço. Por que não ficou U$ 2,40 o tempo todo?", questiona a empregada doméstica Lori Trembley, 48 anos, que votou antecipadamente no democrata. E completa: "O imposto tem que ser maior sobre os ricos. Eu trabalho na casa de ricos e sei como funciona".

Depois da economia, outra prioridade dos eleitores são os valores. "Minha família não acredita no aborto, por isso estamos aqui", diz a empresária Buffy Fleece, que levou a filha fantasiada de Sarah Palin ao evento de McCain. Não à toa. A escolha da governadora do Alasca para compor a chapa republicana, por mais criticada e, segundo pesquisas recentes, potencialmente danosa para McCain, acionou a base evangélica do partido e novamente jogou luz sobre o conflito cultural que divide os Estados Unidos desde os anos 1960 — Palin é contra o aborto em qualquer circunstância e a favor de banir constitucionalmente o casamento gay.

Do outro lado, Obama se apresenta como um candidato "pós-racial" — um negro com uma plataforma política que não está centrada na população negra. Para muitos, é isso, aliado ao seu discurso de união entre os dois partidos, que qualifica o democrata para representar o combate a esta divisão profunda da América. Quais as chances disso acontecer? "Nenhuma pessoa está em melhor posição para unir um país do que o presidente", diz Larry Sabato, professor de Ciências Políticas da Universidade de Virgínia. "Ao mesmo tempo", continua, "o próximo presidente irá enfrentar uma crise financeira, duas guerras no Oriente Médio e questões importantes sobre impostos, gastos públicos e planos de saúde. São temas que causam um vigoroso debate público – o que é saudável. Mas colocar um fim à guerra cultural é pedir demais de uma única pessoa – mesmo de um presidente. Ninguém deve esperar por uma solução mágica. Todo o cidadão tem um papel a cumprir". Na terça-feira, eles cumprirão uma parte.

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