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Trocar perguntas e olhar o outro nos olhos pode fazer o amor nascer |
Trocar perguntas e olhar o outro nos olhos pode fazer o amor nascer| Foto:

Você está assistindo a um filme romântico. Enquanto acompanha a história de amor, pensa que uma ligação desse tipo deve ser fruto do acaso, algo que foge ao controle das pessoas. Mas será que é? O psicólogo Arthur Aron diz que não.

Ele conduziu um estudo, anos atrás, em que duplas de pessoas que não se conheciam respondiam a perguntas de natureza cada vez mais pessoal e depois se olhavam profundamente nos olhos, em silêncio, por quatro minutos. A hipótese de Aron era que a interação entre as duas pessoas criaria um relacionamento estreito, e os resultados se evidenciaram em pelo menos um caso. Como escreveu Mandy Len Catron no "New York Times", "seis meses mais tarde, dois participantes do estudo se casaram".

Aron publicou seus resultados há mais de 20 anos, mas Catron achou suas ideias tão provocantes que no ano passado sugeriu a um conhecido seu que fizessem a experiência. Diferentemente dos participantes no estudo original, eles não eram desconhecidos. Fizeram o experimento em um bar, não em um laboratório.

Começando com perguntas como "você gostaria de ser famoso?", os tópicos em pouco tempo levaram Catron e seu companheiro para terreno mais sério, incluindo o relacionamento de cada um deles com suas mães. "As perguntas me lembraram do infame experimento da rã fervida, em que a rã só sente que a água está ficando mais e mais quente quando já é tarde demais", escreveu.

Depois veio o contato olho no olho. Saindo do bar, eles caminharam até uma ponte, onde ficaram parados, olhando-se nos olhos, por um tempo que pareceu uma eternidade: quatro minutos. "O mais importante do momento não foi apenas que eu estava enxergando alguém, mas que estava vendo esse alguém me enxergar de verdade", escreveu.

Eles se apaixonaram? Sim.

Catron não pensa que eles se apaixonaram unicamente devido à experiência, mas diz que ela foi crucial por ter criado um vínculo forte entre eles. "É verdade que não podemos escolher quem nos ama, se bem que eu tenha passado anos torcendo para que isso fosse possível", escreveu. Mas, acrescentou, "o amor não foi algo que nos aconteceu. Estamos apaixonados porque cada um de nós fez essa opção."

Mas como encontrar alguém com quem tentar um experimento desse tipo? Os sites de namoro são uma opção, como observou o colunista David Brooks.

Para aqueles que conseguem identificar por meio desses sites uma pessoa para conhecer melhor, ainda falta o encontro cara a cara. Para que ocorra qualquer vínculo duradouro será preciso algo que Brooks chama de "salto do encanto": "Quando algo seco e utilitário explode em algo cheio de paixão, inescapável e marcado pela devoção". Para que isso ocorra, é preciso vulnerabilidade —"a passagem do egoísmo ao altruísmo, do pensamento prudente ao pensamento poético".

Se o romance não der certo, esse pensamento poético pode ser aproveitado na escrita, como propôs Anna North no "NYT". David A. Sbarra, da Universidade do Arizona, fez um estudo que estimulou pessoas que tinham passado por separações recentes a falar de seus sentimentos. Ele sugeriu que "escrever detalhando seus sentimentos", pode ajudar a reconstruir o senso de identidade e a superar o rompimento.

Mas isso não quer dizer passar o tempo todo transcrevendo seus pensamentos. Como escreveu Anna North: "Passe um pouco de tempo com seu diário —e depois saia para caminhar".

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