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O diretor austríaco Michael Haneke recebeu a Palma de Ouro e subiu ao palco acompa­­nhado pelos intérpretes de seu filme, os franceses Jean-Louis Trintignant e Emmanuele Riva | Anne Christine/AFP
O diretor austríaco Michael Haneke recebeu a Palma de Ouro e subiu ao palco acompa­­nhado pelos intérpretes de seu filme, os franceses Jean-Louis Trintignant e Emmanuele Riva| Foto: Anne Christine/AFP

Foi um prêmio merecido, neste insólito festival que prometeu mais no papel do que cumpriu nas telas do Palais nos últimos 11 dias. Amor, um filme sóbrio e comovente do diretor austríaco Michael Haneke sobre o acaso da vida, conquistou ontem a Palma de Ouro do 65.º Festival de Cinema de Cannes. O cineasta, que já havia recebido uma Palma de Ouro em 2007 por A Fita Branca, filme sobre a origem de todo tipo de terrorismo, de qualquer natureza, subiu ao palco do Grand Theatre Lumière acompanhado pelos intérpretes de seu filme, os lendários atores franceses Jean-Louis Trintignant e Emmanuele Riva. Os octogenários atores franceses interpretam em Amor um casal cheio de amor e cumplicidades, que quase não precisa de palavras para se entender. Mas um dia toda essa vida desaba, quando ela fica doente. O júri ignorou vários títulos que não poderiam ter ficado de fora, como os filmes do russo Sergei Losnitza, do francês Jacques Audiard e do brasileiro Walter Salles. O Grand Prix, uma espécie de segundo lugar, foi para o não convincente italiano Realidade, de Matteo Garrone – não fica descartada uma possível "patriotada" do presidente do júri, Nani Moretti. Nenhum filme da França ou dos Estados Unidos recebeu qualquer prêmio.

O Prix du Juri foi para The Angel’s Share (A Parte do Anjo), décima primeira participação do inglês Kean Loach na competição, um recorde.

Críticas e aplausos

A grande surpresa ficou por conta do prêmio de melhor direção, conferido ao mexicano Carlos Reygadas pela polêmica extravagância Post­­ Te­­nebras Lux. Em seu agradecimento, não deixou de mencionar ironicamente­­ a imprensa, que não poupou­­ seu filme de severas e jus­­tas­­ crí­­ticas.

O único premiado a ter aplausos unânimes foi o dinamarquês Mads Mikkelsen, principal trunfo de The Hunt­­ (A Caçada), de Thomas Vin­­terberg, no papel de um professor injustamente acusado de abuso sexual. O júri decidiu dividir o prêmio de melhor atriz às romenas Cristina Flutur e Cosmina Stratan, as amigas que somente a tragédia separa em Beyond the Hills, de Cristian Mungiu, que foi ainda recompensado com o prêmio de melhor roteiro. A maioria dos filmes premiados já foi comprada por distribuidores brasileiros, e deverão ser lançados no país ao longo do segundo semestre.

No ano em que o Brasil co­­memora comemora o cinquentenário de sua única Pal­­­­ma de Ouro, obtida por O­­­­ Pagador de Promessas (An­­sel­­mo Duarte, 1962), o belo filme de Walter Salles, Na Es­­trada, não recebeu qualquer reconhecimento. A presença brasileira na cerimônia de encerramento ficou limitada a Carlos Diegues, presidente do júri da Caméra d’Or, ambicionado prêmio que reconheceu Beasts of the Southern Wild como o melhor primeiro filme de um realizador, uma espécie de divisor de águas para qualquer estreante impulsionado por Cannes.

Na mostra paralela mais importante, o Certain Regard, o vencedor foi Después de Lu­­cia, de Michel Franco, angustiante crônica sobre bulling.

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