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O ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton elogiou nesta quinta-feira a atuação brasileira no Haiti. Falando em painel do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, Clinton agradeceu ao ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim. "Eu acho que o papel do Brasil está sendo magnífico", afirmou. "Estamos gratos a você e ao seu país "

Clinton é enviado especial da ONU para o Haiti desde 2009. Antes do evento com Amorim, o ex-presidente solicitou mais investimentos privados no Haiti, depois do terremoto que no dia 12 matou pelo menos 170 mil pessoas, segundo autoridades haitianas.

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, propôs nesta quinta-feira um acordo com os Estados Unidos para flexibilizar as exportações de produtos fabricados no Haiti, como forma de incentivar os investimentos estrangeiros e a reconstrução do país destruído por um terremoto.

O objetivo é discutir com os EUA a concessão do tratamento livre de tarifas e cotas (duty free quota free) para mercadorias produzidas no Haiti. Pelo mecanismo, os produtos feitos no Haiti por empresas brasileiras poderiam ser exportados para os EUA com maior flexibilidade. O Brasil aplicaria então a reciprocidade, liberando a entrada no território nacional de mercadorias feitas por companhias norte-americanas no país da América Central. "Mas, para isso, os EUA precisam flexibilizar as regras de origem", disse Amorim, após participar de debate no Fórum Econômico Mundial, em Davos. "Nós estamos dispostos a flexibilizar e dar reciprocidade."

O ministro contou que há várias companhias brasileiras interessadas em investir no Haiti, principalmente do setor têxtil, para a produção de confecções - tanto que já conversou com o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit). "Existem empresas grandes interessadas nesse projeto, valendo-se da mão-de-obra relativamente barata do Haiti." A intenção é que esse mecanismo seja temporário, por 15 ou 20 anos, para ajudar na reconstrução do país, disse Amorim. "Isso irá atrair investimentos", afirmou. O mesmo esquema foi usado para ajudar países afetados pelo tsunami no final de 2004.

A concessão do tratamento livre de tarifas e cotas para países pobres já fazia parte da estratégia brasileira antes do terremoto que abalou o Haiti. No final do ano passado, o ministro anunciou que adotaria o sistema até meados de 2010.

Em Genebra, o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas pediu, nesta quinta-feira, que a comunidade internacional não diminua seu engajamento no Haiti. O órgão da ONU adotou uma resolução, afirmando que a ajuda ao país caribenho deve ser comprometida e sustentável.

O conselho da ONU pediu que a comunidade internacional "continue a garantir apoio adequado e coordenado ao governo e ao povo do Haiti em seus esforços para superar os desafios pela frente após o terremoto".

O painel, formado por 47 nações, realizou uma sessão de emergência. O conselho insistiu que o governo haitiano deve ter um papel de liderança na determinação das prioridades nacionais.

Estima-se que 1 milhão de pessoas tenham perdido suas casas no Haiti. Logo após o tremor, foi lançada uma grande operação de ajuda ao país, com vários países envolvidos.

Os Estados Unidos enviaram 20 mil soldados para ajudar o Haiti. Apesar do esforço internacional, centenas de milhares de sobreviventes - muitos deles em campos improvisados - ainda esperam por ajuda.

Sobrevivente

Uma adolescente de 16 anos retirada dos escombros mais de duas semanas após o terremoto que atingiu o Haiti apresentava condições estáveis de saúde nesta quinta-feira. Ela conseguiu comer iogurte e vegetais amassados para a surpresa dos médicos, que dizem que sua sobrevivência é inexplicável sob o ponto de vista médico.

Centenas de milhares de outros sobreviventes esperam acontecimentos de outro tipo, a chegada de comida. Coordenadores dos esforço de ajuda humanitária decidiram se coordenar melhor dividindo a capital para a distribuição de alimentos em algumas áreas.

A distribuição de comida tem sido marcada por pouca coordenação, grandes intervalos e filas incontroláveis de pessoas desesperadas, nas quais homens algumas vezes empurram mulheres fracas e roubam sua comida.

"Essas coisas precisam ser feitas de forma sistemática, não de forma aleatória", disse na quarta-feira o doutor Eddy Delalue, que preside um grupo de ajuda haitiano, sobre o programa emergencial de alimentos. "É a sobrevivência do mais preparado. O mais forte consegue."

O resgate da adolescente Darlene Etienne dos escombros de uma casa, 15 dias depois do grande terremoto, nas proximidades da Universidade St. Gerard, foi o primeiro desde sábado, quando equipes francesas retiraram um homem das ruínas de um supermercado de um hotel. Etienne está estável, bebendo água e comendo iogurte e vegetais amassados, disse a doutora Evelyne Lambert, que cuida da garota no navio hospital francês Sirocco, ancorado na costa de Porto Príncipe.

Lambert disse que Etienne tem 90% de chances de viver. "Não podemos realmente explicar isso porque é contra os fatos biológicos", disse Lambert em entrevista coletiva. "Estamos muito surpresos com o fato de ela estar viva...Ela diz que estava sob os escombros desde o início do terremoto do dia 12, então isso deve ter realmente acontecido, mas não temos como explicar isso."

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