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A Angola lembrou hoje o quinto aniversário do fim da guerra civil, com pedidos pela manutenção da paz, em meio a uma festa que incluiu música, atos religiosos, desfiles cívicos e até uma partida amistosa de futebol.

No Dia da Paz e da Reconciliação Nacional é lembrado o fim das hostilidades, com a assinatura de um acordo de paz por representantes do Exército e do grupo rebelde União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita), no dia 4 de abril de 2002.

O pacto pôs fim a 27 anos quase ininterruptos de luta na ex-colônia portuguesa, no conflito militar mais longo da África, que deixou um milhão de mortos e quatro milhões de refugiados, além de destruir a infra-estrutura do país.

"Esse dia simboliza a data (...) que marcou uma nova era na vida dos angolanos", afirmou o primeiro-ministro do país, Fernando Dias dos Santos, no principal ato da comemoração, realizado em um estádio na cidade de Cabinda, ao norte do país.

"Devemos continuar seguindo o caminho que nos levará à total pacificação dos espíritos, promovendo constantemente a tolerância para consolidar a paz e a reconciliação nacional", acrescentou o primeiro-ministro.

Desde sua independência, o país tem sido governado pelo Movimento Popular para a Libertação da Angola (MPLA), primeiro com Agostinho Neto e, depois de sua morte, em 1979, com o atual líder, José Eduardo dos Santos.

Em seu discurso, Fernando dos Santos disse que o Governo continuará promovendo "a solidariedade e a tolerância política", e pediu aos angolanos que se inscrevam no censo eleitoral que está sendo realizado visando às próximas eleições.

No ano que vem, haverá eleições legislativas, e, em 2009, ocorrerá o pleito presidencial. A votação vem se atrasando porque o Governo acredita que o país não está preparado para garantir uma eleição confiável.

"Votar é o resultado da conquista da democracia, e embora não seja uma obrigação, é um dever cívico de todos os cidadãos", disse o primeiro-ministro, que discursou representando o presidente José Eduardo dos Santos.

O Dia da Paz começou a ser celebrado ontem à noite na capital, onde 30 artistas e quatro grupos musicais participaram de uma festa em que os ritmos locais, como o kuduro e o kizomba, misturaram-se aos estrangeiros, como o samba e o rap.

Foram realizados ainda atos ecumênicos de ação de graças em Luanda, e nas capitais das províncias do país, nos quais se pediu a manutenção da paz.

Em Cabinda, além dos discursos oficiais, houve desfiles cívicos pelas ruas da cidade, um espetáculo musical e uma maratona.

No programa do dia, não faltou o futebol, o esporte mais popular de Angola, país que no ano passado se classificou, pela primeira vez, para disputar a Copa do Mundo, realizada na Alemanha.

Também em Cabinda, centro das celebrações, está previsto para esta noite um jogo entre as seleções de Angola e da República Democrática do Congo, em um amistoso que servirá como conclusão do Dia da Paz e da Reconciliação Nacional.

Angola chega à celebração do quinto aniversário do final da guerra civil com um grande avanço no crescimento econômico, mas com graves deficiências na luta contra a pobreza e a marginalização.

O país se transformou na segunda potência petrolífera da África, depois da Nigéria, mas os benefícios não chegam a todos.

O desemprego afeta mais da metade da força de trabalho, 70% da população vive abaixo da linha da pobreza, e, segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), apenas um em cada três adultos sabe ler e escrever.

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