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A Anistia Internacional (AI) denunciou neste domingo abusos e exploração contra trabalhadores da construção nos preparativos para a Copa do Mundo de 2022 no Catar.

Em entrevista coletiva em Doha, representantes da organização deram conta das conclusões de um relatório que documenta uma série de abusos aos trabalhadores imigrantes e fala de práticas que, segundo AI, constituem trabalhos forçados.

Segundo um dos investigadores especializado, James Lynch, "alguns operários do Nepal afirmaram que são tratados como gado, que suas jornadas são de até 12 horas por dia, sete dias por semana, inclusive durante o verão".

O documento "O lado obscuro da imigração: enfoque no setor da construção do Catar antes do Mundial", de 169 páginas, expõe as conclusões do estudo de campo realizado após duas visitas ao Catar, em outubro de 2012 e março de 2013.

Os investigadores entrevistaram 210 trabalhadores da construção, com a colaboração de 22 empresas que participam de projetos deste setor, e participaram de 14 reuniões com representantes do Governo, incluindo responsáveis dos ministérios de Relações Exteriores, Interior e Trabalho.

O secretário-geral da AI, Salil Shetty, considerou "simplesmente inescusável" que estes abusos ocorram em um dos países mais ricos do mundo, onde, no entanto, "os imigrantes estão sendo cruelmente explorados, privados de sua remuneração e obrigados a lutar para sobreviver".

Alguns entrevistados confessaram, segundo AI, que temem perder tudo, porque são ameaçados com multas, deportação ou perda de renda se não aparecem para trabalhar.

Os investigadores que elaboraram o relatório asseguram que foram testemunhas de como 11 trabalhadores eram chantageados por seus empregadores.

Lynch acrescentou que entrevistaram "trabalhadores que levavam três semanas sem luz nem água, e permaneceram assim outras três semanas. Tivemos que falar à luz das velas. Além disso, o esgoto tinha transbordado em seu acampamento".

Outros abusos incluem falta de pagamento de salários, condições de trabalho duras e perigosas, e as "impactantes" condições de alojamento.

Muitas das recomendações que inclui AI em seu relatório coincidem com as do enviado da ONU que visitou Catar na semana passada, como a de eliminar o sistema de patrocínio a trabalhadores, suprimir o requerimento de uma permissão para sair do país e garantir o cumprimento das leis trabalhistas.

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