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Relatório contesta afirmações de Álvaro Uribe de que a Colômbia assiste ao ressurgimento irreversível da paz | John Vizcaino / Reuters
Relatório contesta afirmações de Álvaro Uribe de que a Colômbia assiste ao ressurgimento irreversível da paz| Foto: John Vizcaino / Reuters

A organização Anistia Internacional pediu nesta terça-feira (28) aos Estados Unidosque suspendam a ajuda militar à Colômbia até que o país contenha um aumento nas mortes de civis cometidas por agentes de segurança. A entidade faz também outras recomendações para o fim do prolongado conflito armado colombiano.

Em um relatório de 94 páginas, a organização contesta as afirmações do presidente Álvaro Uribe de que a Colômbia assiste ao ressurgimento irreversível da paz. Segundo Uribe, há uma forte queda no nível de violência no país.

A Anistia Internacional reconhece que os seqüestros e as mortes de civis relacionados ao conflito diminuíram desde Uribe assumir, em 2002. Além disso, a entidade aponta que algumas cidades são mais seguras, mas sustenta que isso é apenas parte da questão.

"A Colômbia ainda é um país onde milhões de civis, sobretudo fora das grandes cidades e no interior, seguem suportando a pior parte deste conflito violento e prolongado", afirma o relatório. "A impunidade segue sendo a norma na maioria dos casos de abusos dos direitos humanos."

A diretora da organização não governamental para as Américas, Renata Rendón, disse em entrevista por telefone de Washington que vários indicadores alarmantes devem piorar. "As mortes relacionadas ao conflito, as execuções extrajudiciais, a morte de civis por paramilitares e por guerrilhas, as desaparições forçadas de mulheres e as mortes de sindicalistas aumentaram entre 2006 e 2007", notou.

Renata apontou que é preciso lembrar desses dados, enquanto o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pressiona o Congresso para aprovar um tratado de livre comércio com a Colômbia. A direção do Partido Democrata rechaça o acordo apontando, entre outros temas, os assassinatos de líderes sindicalistas.

A Colômbia é o principal aliado de Washington na América Latina. O país já recebeu US$ 4 bilhões dos EUA desde a chegada de Uribe ao poder, a maioria em assistência militar.

O relatório denuncia ainda fortes evidências de que os paramilitares seguem atuando em pontos do país. O governo colombiano afirma que um programa de desmobilização desmantelou essas milícias ultradireitistas.

O texto afirma ainda que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) realizaram "alianças estratégicas" com paramilitares, para controlar melhor sua principal fonte de financiamento: o tráfico de cocaína.

O relatório, fruto de dois anos de pesquisas, chegou aos seguintes dados sobre o conflito na Colômbia: mais de 70 mil mortes, em sua maioria de civis; entre 15 mil e 30 mil vítimas de desaparições forçadas; entre três e quatro milhões de pessoas tiveram que fugir de suas casas por causa da violência; na última década, mais de 20 mil pessoas seqüestradas ou tomadas como reféns.

Ex-guerrilheiro

O ex-guerrilheiro que fugiu com um ex-congressista seqüestrado pelas Farc, afirmou nesta terça-feira que ainda não "pensou" se irá viver na França, como foi oferecido a ele pelo governo do presidente Alvaro Uribe, mas afirmou que pretende ajudar sua família com os US$ 400 mil que receberá como recompensa pela libertação de um ex-parlamentar.

"Nem pensei ainda se vou viver na França. Pensei muito na minha família, em ajudá-la", disse Wilson Bueno Largo, de 28 anos, de codinome 'Isaza', um ex-rebelde das Farc, que no último dia 23 fugiu de um acampamento onde custodiava o ex-congressista Oscar Tulio Lizcano, seqüestrado pela guerrilha em agosto de 2000.

'Isaza' e Lizcano, de 62 anos, caminharam por três dias até encontrarem unidades do Exército da Colômbia no departamento de Chocó, no oeste do país, na manhã de domingo.

"Estive doze anos na guerrilha. Foi um tempo perdido. Não tirei nenhum benefício disso", disse 'Isaza', que afirmou que ainda não sabe o que fará com os US$ 400 mil de recompensa, aventando a hipótese de comprar uma casa para a família. Sob custódia do Exército, o ex-guerrilheiro se encontrou com os pais e os dois irmãos.

Sobre as Farc, ele disse que "neste momentos, é um grupo muito reduzido. São umas Farc sem horizonte político, que desaparecerão, uns guerrilheiros desmoralizados e em decomposição interna".

As informações são da Associated Press.

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