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O desertor das Farc Wilson Bueno Largo (ao centro), de 28 anos, recebeu prêmio de US$ 400 mil | Mauricio Duenas/AFP
O desertor das Farc Wilson Bueno Largo (ao centro), de 28 anos, recebeu prêmio de US$ 400 mil| Foto: Mauricio Duenas/AFP

Bogotá - A organização Anistia Internacional pediu ontem aos Estados Unidos que suspendam a ajuda militar à Colômbia até que o país contenha o aumento nas mortes de civis cometidas por agentes de segurança. A entidade faz também outras recomendações para o fim do prolongado conflito armado colombiano.

Em um relatório de 94 páginas, a organização contesta as afirmações do presidente Álvaro Uribe de que a Colômbia assiste ao ressurgimento irreversível da paz. Segundo Uribe, há uma forte queda no nível de violência no país.

A Anistia Internacional reconhece que os seqüestros e as mortes de civis relacionados ao conflito diminuíram desde que Uribe assumiu, em 2002. Além disso, a entidade aponta que algumas cidades são mais seguras, mas sustenta que isso é apenas parte da questão.

"A Colômbia ainda é um país onde milhões de civis, sobretudo fora das grandes cidades e no interior, seguem suportando a pior parte desse conflito violento e prolongado", afirma o relatório. "A impunidade segue sendo a norma na maioria dos casos de abusos dos direitos humanos."

Fruto de dois anos de pesquisas, o relatório afirma que já houve 70 mil mortes, em sua maioria de civis; entre 15 mil e 30 mil vítimas de desaparições; entre três e quatro milhões de pessoas tiveram que fugir de suas casas por causa da violência.

Recompensa

O ex-guerrilheiro que fugiu com um ex-congressista seqüestrado pelas Farc afirmou ontem que ainda não "pensou" se irá viver na França, como foi oferecido a ele pelo governo do presidente Álvaro Uribe, mas afirmou que pretende ajudar sua família com os US$ 400 mil que receberá como recompensa pela libertação de um ex-parlamentar.

"Nem pensei ainda se vou viver na França. Pensei muito na minha família, em ajudá-la", disse Wilson Bueno Largo, de 28 anos, de codinome ‘Isaza’, um ex-rebelde das Farc, que no último dia 23 fugiu de um acampamento onde custodiava o ex-congressista Oscar Tulio Lizcano, seqüestrado pela guerrilha em agosto de 2000.

‘Isaza’ e Lizcano, de 62 anos, caminharam por três dias até encontrarem unidades do Exército da Colômbia no departamento de Chocó, no oeste do país, na manhã de domingo.

"Estive 12 anos na guerrilha. Foi um tempo perdido. Não tirei nenhum benefício disso", disse ‘Isaza’, que afirmou que ainda não sabe o que fará com os US$ 400 mil de recompensa, aventando a hipótese de comprar uma casa para a família. Sob custódia do Exército, o ex-guerrilheiro se encontrou com os pais e os dois irmãos.

Sobre as Farc, ele disse que "neste momento, é um grupo muito reduzido, sem horizonte político, que desaparecerá, uns guerrilheiros desmoralizados e em decomposição interna".

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