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Nos últimos 23 dias, quase um milhão de chineses foram ao mais novo resort da Disney em Xangai, que terá hotéis, parque, estação de metrô, locais de recreação e de entretenimento. Por enquanto, eles visitaram apenas as áreas públicas do local, como o lago e uma faixa de lojas. A companhia se prepara para abrir os portões do resort oficialmente somente no próximo mês.

Desde que a estação de metrô foi inaugurada, em 26 de abril, 960 mil pessoas já visitaram as áreas da Disneyland Xangai que não exigem ingressos, de acordo com Liu Zhengyi, vice-diretora da comissão administrativa da região onde o resort está localizado. Apenas durante o feriado do dia 1.º de maio, cerca de 110 mil chineses foram ao local, afirmou, durante entrevista coletiva realizada nessa cidade de mais de 24 milhões de habitantes.

O parque custou US$ 5,5 bilhões. É o sexto da Disney no mundo e primeiro na China continental. As portas serão abertas oficialmente no dia 16 de junho, mas os moradores têm lotado o local para passear pelo lago artificial e visitar as lojas e restaurantes na área pública, conhecida como Disneytown. A maior companhia de entretenimento do mundo está apostando nos 330 milhões de chineses que moram a até três horas do parque para visitar o resort.

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As condições na área pública, onde está localizado o metrô, estiveram estáveis e seguras desde a inauguração do metrô, afirmou Liu. Segundo oficiais, medidas de emergência estão planejadas, caso haja necessidade quando todo o resort for inaugurado.

Xangai, com 24 milhões de moradores, é uma das cidades com maior população de toda a China, e seus espaços públicos podem lotar com muita facilidade, especialmente durante o período de férias.

No réveillon de 2014, 36 pessoas morreram esmagadas ou pisoteadas pela multidão em Bund, um dos pontos históricos da cidade. Em algumas horas, o público se multiplicou além da capacidade do local. Após o incidente, o governo central da China encomendou uma revisão do procedimento para segurança de multidões, e 11 oficiais distritais foram punidos, alguns, inclusive, com demissão.

Em entrevista coletiva, o porta-voz do resort da Disney em Xangai, Murray King, afirmou que os ingressos — no valor de 370 yuans chineses (cerca de R$ 200) — são os mais baratos de todos os parques da empresa no planeta, e que o preço é apropriado para consumidores da classe média do país.

Nos períodos de pico, como fins de semana e meses de verão (entre junho e agosto), o preço sobe para 499 yuans chineses (em torno de R$ 270).

Respondendo a reclamações de visitantes de que os preços de comidas e bebidas no parque eram altos, King afirmou que a Disney o planejou com um leque de restaurantes, e que os convidados também podem levar seus próprios alimentos, desde que todos eles estejam “comercialmente embalados”.

Guerra dos parques

A disputa entre gigantes que administram parques temáticos na China não se limita à área comercial. Ao inaugurar ontem o primeiro empreendimento desse tipo do Grupo Wanda no país, o magnata chinês Wang Jianlin afirmou que seu projeto é uma defesa de valores chineses contra a “invasão” de culturas estrangeiras, numa clara provocação à rival Disneytown, que vai inaugurar um megaparque temático em Xangai nas próximas semanas.

Na cerimônia de inauguração, Wang — o homem mais rico da China, segundo a revista “Forbes” — disse à televisão oficial CCTV, que seu empreendimento, ao contrário do rival, pretende ser um modelo por meio do qual se possa “afirmar a força da influência dos chineses no âmbito cultural”.

“A loucura por Mickey Mouse e Pato Donald passou. A época em que imitávamos cegamente a Disney acabou há anos”, disse o magnata em entrevista à CCTV, acrescentando que pretende atrair dez milhões de visitantes anualmente.

Localizada em Nanchang, no Sudeste do país, a Cidade Wanda ocupa uma área de dois quilômetros quadrados e inclui, além de parque temático de 80 hectares, um shopping center e cinemas interativos. De acordo com um comunicado do grupo, além das “mais altas e rápidas montanhas russas” da China, a Cidade Wanda, um empreendimento avaliado em US$ 3,353 bilhões, é equipada com um imenso aquário.

Para competir com o gigante americano, o Grupo Wanda pretende oferecer o que o Wang classificou como “cor local” para atrair o público chinês. Ele acrescentou que a Disney não se recicla, “clonando seus produtos do passado sem inovar”.

Outro estratagema do Grupo Wanda é multiplicar sua presença na China. Wang disse que a empresa vai construir outros seis parques em cidades de tamanho médio nos próximos três anos. Até 2020, o grupo pretende operar 15 unidades.

“Queremos atuar de maneira que a Disney não possa ser rentável neste setor (dos parques de diversões) na China em dez ou 20 anos”, disse Wang. “Um tigre não pode competir com uma matilha de lobos”, completou.

Ele acrescentou que a Disney errou ao escolher Xangai, cujo clima é chuvoso, para instalar seu parque. Além disso, os ingressos da Disneytown, em torno de US$ 68, custarão o dobro do valor cobrado na Cidade Wanda. Com isso, Wang reforçou a onda de críticas de internautas chineses em relação ao preço dos ingressos anunciado pelo gigante americano. Especialistas, no entanto, alertam que os objetivos de Wang parecem ambiciosos demais, pois o Grupo Wanda não tem experiência com parques.

A Disney, por sua vez, aposta em seus personagens e franquias, famosos no país. A concorrência no setor, porém, deve aumentar. Os estúdios de Hollywood Universal Pictures e DreamWorks anunciaram recentemente que também pretendem construir parques temáticos na China.

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