• Carregando...

Frankfurt - Há dez anos, a Europa lançou a grande experiência de ter uma moeda comum — e assistiu ao euro perder valor antes de recuperá-lo.

Logo após se completar o aniversário de 10 anos do euro, comemorado em 1º de janeiro deste ano, os economistas dizem que a nova moeda finalmente cumpriu sua promessa de ser um meio para reduzir os custos dos empréstimos, facilitar o comércio e o turismo, fortalecer o crescimento econômico e a União Europeia. E tudo isso, afirmam, está sendo feito em meio a uma crise financeira global que, pelo menos no momento, ressalta a segurança em números que vieram da adoção de uma única e forte moeda para o bloco.

"Após 10 anos, o euro criou de verdade uma zona de segurança e estabilidade", disse em meados de dezembro do ano passado a ministra de Finanças da França, Christine Lagarde. "De todos os pontos de vista, o euro provou que estavam erradas as previsões negativas feitas há 10 anos", ela afirmou.

Quando foi lançado, em 1999, apenas onze países adotaram imediatamente a moeda — Áustria, Bélgica, Finlândia, França, Alemanha, Itália, Irlanda, Luxemburgo, Holanda, Portugal e Espanha, e apenas como meio de troca no mercado financeiro. A partir de 1º de janeiro de 2002, o Euro passou a ser moeda de circulação e troca diária nos países e ao grupo dos onze originais se juntaram Chipre, Grécia, Malta e Eslovênia. A Eslováquia aderiu ao euro em 1º de janeiro de 2009, elevando o total de países que usam a moeda a 16. Agora, mesmo economistas em países críticos de longa data ao euro, como a Suécia e a Grã-Bretanha, começam a considerar a adoção da moeda européia.

Em meio à crise mundial, países pequenos assistiram ao colapso das suas moedas nacionais e foram forçados a pedir ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Otmar Issing, um ex-membro do grupo de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE), disse que o apelo do euro reside na sua habilidade em prover uma sensação de segurança e abrigo das tempestades da crise financeira mundial. O BCE, criado especificamente para supervisionar a adoção e o uso do euro, tomou uma atitude decidida contra a inflação que reflete a política do seu principal antecessor, o Bundesbank, o antigo Banco Central da Alemanha.

"O euro é uma moeda estável, as expectativas inflacionárias estão sob controle desde o início", disse Issing à Associated Press.

As maiores reclamações dos governos durante os 10 anos do euro se originaram por causa das políticas de juros dos bancos centrais — o BCE não pode cortar taxas de juros para alguns países, se suas economias estiverem desaquecendo ou em queda, enquanto a de outros estiver em expansão. Mas a crise financeira de 2008, com epicentro nos Estados Unidos, levou a pesadas perdas para bancos de todos os lugares e atingiu todos ao mesmo tempo.

Isso fez com que as pessoas se esquecessem das quedas iniciais do euro frente ao dólar. No lançamento, eram necessários US$ 1,18 para comprar um euro, mas em outubro de 2000, o euro valia 82 centavos de dólar americano. O BCE e o Federal Reserve, Banco Central dos EUA, tiveram que intervir nos mercados monetários.

Howard Archer, um economista no IHS Global Insight em Londres, disse que "certamente, nos seus primeiros dias o euro era mais fraco e existiam preocupações sobre o valor da moeda".

Mas desde o início desta década, a moeda se fortaleceu e ganhou valor, crescendo para US$ 1,6 para cada euro em 2008. A moeda européia ainda vale menos que a libra esterlina, mas também ganhou força frente à moeda britânica.

Randall Filer, professor de economia no Hunter College em Nova Iorque, disse que as exigências dos governos cortarem os gastos públicos antes de aderirem ao euro deram aos líderes políticos o estofo necessário para fazer as reformas econômicas, mas isso também aumentou as críticas populares às normas e requerimentos da União Europeia.

O euro levou ao controle das rígidas regras antiinflacionárias do BCE países que não se pautavam por elas, disse o economista italiano Franco Bruni, da Universidade Bocconi da Itália. "O euro nos deu uma política monetária que não éramos capazes de planejar e implementar", disse Bruni, lembrando que quando a moeda da Itália era a lira, o país tinha uma forte tendência inflacionária e as taxas de juros eram altas para os padrões europeus.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]