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A menos de um mês do primeiro turno das eleição presidencial francesa, o clima no país é de tranqüilidade, o que não deixa de significar uma boa dose de ceticismo.

Situação bem diferente de 2002, quando o líder da extrema direita, Jean-Marie Le Pen ultrapassou o socialista Lionel Jospin e acabou disputando o segundo turno com Jacques Chirac – reeleito com mais de 80% de votos, ou seja, com os votos de todos, inclusive a esquerda, que rejeitavam as posições xenófobas de Le Pen.

Se Le Pen não parece representar uma grande ameaça em seu distante quarto lugar nas sondagens, sua ida para o segundo turno em 2002 explica em grande parte o ceticismo dos franceses em relação à política.

A esquerda, tanto em 2002 quanto agora, fragmentada em várias candidaturas, pode oferecer um alternativa à estagnação do país? A hesitação de Ségolène Royal entre crítica ao "modelo liberal" e adoção de uma social-democracia não seria a evidência do fracasso do discurso de esquerda depois do fim da utopia socialista? Nicolas Sarkozy, candidato da direita, apesar de seu apelo pela mudança, de fato conseguiria alterar grande parte da estrutura mantida intacta durante os 12 anos em que seu partido esteve no poder com Jacques Chirac?

Foi criticando essa histórica polarização entre esquerda e direita, que o candidato François Bayrou chegou à terceira colocação nas sondagens. Mas haveria espaço no país para um governo de centro?

Qualquer que seja o(a) presidente eleito(a), a França tem desafios fundamentais a enfrentar, entre eles diminuir a dívida pública, destravar a economia e definir seu papel na Europa após a vitória francesa, em 2005, do "não" ao projeto de Constituição Européia.

Walter Valdevino mora em Paris desde outubro de 2006. Faz Doutorado em Filosofia na PUCRS e estágio doutoral na École Normale Supérieure. Valdevino escreve sobre a vida na França em seu blog www.waltervaldevino.com/blog/

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