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Vários republicanos olham para as eleições de 7 de novembro nos Estados Unidos e sentem muito medo. Não é o caso do presidente George W. Bush, que, apesar das pesquisas apontando para uma derrota de seu partido, acha que o dia do pleito será "bom".

Pressionados pelo peso das notícias negativas vindas do Iraque, pelo descontentamento com a liderança de Bush e por escândalos entre os congressistas, os republicanos podem sofrer uma derrota histórica na eleição legislativa, perdendo o controle sobre a Câmara dos Deputados e talvez o controle sobre o Senado.

Mas, se Bush está preocupado, está se esforçando ao máximo para não dar mostras disso. Ele continua a ser um "eterno otimista'' quando se trata das pesquisas de opinião e vem dizendo que os democratas mostram-se confiantes demais ao ''encomendar a festa'' de forma prematura.

O dirigente insiste que "o 7 de novembro será um dia bom para os republicanos''.

Essa postura contrasta com o clima mais sombrio reinante entre muitos republicanos, que, no começo deste mês, começaram a dar vazão a seus temores -- principalmente de forma velada -- de que o escândalo sexual envolvendo o deputado Mark Foley havia alimentado a tendência de queda que poderia tirá-los do controle da Câmara.

- Isso (a postura de Bush) é algo feito de caso pensado para motivar os republicanos, hoje desanimados - afirmou Bruce Buchanan, cientista político da Universidade do Texas.

Mas mesmo em conversas reservadas, Bush se nega a falar sobre uma possível mudança no Congresso. Nos encontros com autoridades do governo a respeito dos planos para seus últimos dois anos de governo, não se discute qualquer plano de contingência para o caso de os democratas vencerem na Câmara, disseram essas autoridades.

- Essa é a única forma possível de se agir - disse Tony Fratto, porta-voz da Casa Branca.

Bush fala também sobre retomar seus esforços para reformar o sistema de seguridade social no país, reforma essa impensável sob um Legislativo dominado pelos democratas.

Adversários classificam as declarações de Bush como bravatas ou como uma recusa do presidente em encarar uma realidade que não aprecia. Eles as comparam com a postura dele a respeito do Iraque.

- Isso faz parte, com certeza, de um padrão no qual o presidente parece ver o mundo de forma diferente que o resto das pessoas - afirmou Phil Singer, porta-voz do comitê de campanha do Partido Democrata para o Senado.

- Ele parece ver as coisas por meio de lentes cor-de-rosa.

Incentivo ao partido

Sara Taylor, diretora da área de assuntos políticos da Casa Branca, admite prontamente que Bush é um otimista, mas ela vê nessa postura um dos pontos positivos da liderança dele.

- Há muitos republicanos que se colocaram em uma posição de desesperança. Mas, ao mesmo tempo em que recebemos informações de um monte de lugares e ouvimos vários pontos de vista, acreditamos realmente que vamos manter o controle das duas casas do Congresso - afirmou.

Segundo Buchanan, a postura otimista do presidente também é reflexo da personalidade dele.

- Uma das razões pelas quais ele se vê confiante nessa postura é a série de sucessos pessoais que obteve.

O cientista citou a vitória de Bush em 1994 contra Ann Richards, a então governadora democrata do Texas. Naquele ano, "nem mesmo a mãe dele acreditava que ele poderia vencer".

As vitórias de Bush nas eleições presidenciais de 2000 e 2004 também aconteceram contra previsões adversas.

Mas o presidente tem consciência dos limites de sua capacidade para ajudar os republicanos. Apesar de estar arrecadando dinheiro para os candidatos, Bush sabe que muitos dos envolvidos em disputas apertadas mostram-se relutantes em aparecer em público ao lado dele. A popularidade do presidente está por volta de 35%.

As pesquisas nacionais mostram, de forma consistente, que os democratas receberão mais votos que os republicanos. Segundo algumas projeções, a imagem do Congresso enfrenta seu pior momento desde 1994, quando o controle da Câmara dos Deputados passou para os republicanos após 40 anos de domínio democrata.

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