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Centenas de manifestantes, a favor de Pedro Castillo e contra o Congresso, se manifestam nas ruas do centro de Lima (Peru), no domingo (11).
Centenas de manifestantes, a favor de Pedro Castillo e contra o Congresso, se manifestam nas ruas do centro de Lima (Peru), no domingo (11).| Foto: EFE

O ex-chefe de gabinete e o advogado do socialista Pedro Castillo sugerem que o ex-presidente peruano deposto e com prisão preventiva "pode ter sido incentivado" a dissolver o Parlamento sob o efeito de psicotrópicos: "ele não se lembra" de seu anúncio na televisão, afirmaram os apoiadores do ex-presidente na sexta-feira (9).

"Perguntei por que ele leu o decreto de dissolução do Parlamento e ele me respondeu que não se lembra disso", disse o ex-chefe de gabinete Guido Bellido aos repórteres depois de visitar Pedro Castillo no quartel de polícia em Lima, onde o ex-presidente está preso.

"Há indícios de que o presidente foi forçado a ler a mensagem de dissolução, e quem escreveu o texto o fez para abrir a vaga na presidência", disse Guido Bellido no Twitter.

Guido Bellido pediu a realização de um "teste toxicológico com urgência" para "libertar o Prof. Pedro Castillo", em sua postagem no Twitter. Essa teoria de que Pedro Castillo agiu sob influência foi desenvolvida por um de seus advogados, Guillermo Olivera.

"O que eu sei é que quando o ex-presidente leu esta mensagem escrita por outras pessoas, alguns minutos antes, deram algo para ele beber, uma suposta água, e depois de beber a água, ele se sentiu atordoado", disse Olivera à imprensa em frente ao local de detenção de Castillo. "Todo mundo viu que ele estava tremendo enquanto lia, e eu pressuponho que ele estava sob a influência de um sedativo", disse o advogado.

Pedro Castillo, no entanto, se recusou nesta segunda-feira (12) a se submeter aos exames toxicológicos solicitados pelo Ministério Público.

Tentativa de golpes e prisão

Minutos depois de o então presidente Pedro Castillo tentar um golpe de Estado, ao anunciar a dissolução do Congresso e instauração de um “governo de emergência”, o Legislativo do Peru realizou uma sessão de emergência e declarou vacância presidencial (o equivalente na legislação peruana ao impeachment) por incapacidade moral permanente na quarta-feira (7). Em seguida, o agora presidente destituído foi preso.

A tentativa de golpe durou pouco. Ao dissolver o Congresso, Castillo anunciou que seriam convocadas eleições para um novo Legislativo, com poderes constituintes, que deveria aprovar uma nova Carta Magna dentro de no máximo nove meses.

“Tomamos a decisão de estabelecer um governo de exceção, orientado a restabelecer o Estado de Direito e a democracia. Se ditam as seguintes medidas: dissolver temporariamente o Congresso da República e instaurar um governo de emergência excepcional”, disse o presidente peruano na televisão aberta durante o anúncio.

As Forças Armadas e a Polícia Nacional do Peru haviam apontado em comunicado que “respeitam a ordem constitucional estabelecida”, e que esta “estabelece que o Presidente da República tem poderes para dissolver o Congresso, se este tiver censurado ou negado a sua confiança em dois Conselhos de Ministros”, o que não aconteceu.

Castillo havia dissolvido o Congresso horas antes da votação do pedido de vacância presidencial, proposta pela terceira vez desde o início do seu mandato (tomou posse em julho de 2021). A gestão do presidente destituído foi marcada por denúncias de corrupção e em outubro o Ministério Público peruano o denunciou por fraudes em licitações.

A presidência foi assumida pela vice Dina Boluarte, que pouco antes havia rechaçado a tentativa de golpe de Castillo. “Rejeito a decisão de Pedro Castillo de perpetrar a quebra da ordem constitucional com o fechamento do Congresso. É um golpe que agrava a crise política e institucional que a sociedade peruana terá que superar com estrito cumprimento da lei”, escreveu no Twitter.

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