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Parlamentares de oposição na Ucrânia atiraram ovos e bombas de fumaça na terça-feira no Parlamento, que aprovou a prorrogação da permanência da Marinha russa em um porto do país até 2042.

Simpatizantes e adversários da medida entraram em confronto diante do Parlamento, enquanto deputados da coalizão do recém-eleito presidente Viktor Yanukovich aprovavam a prorrogação de 25 anos do uso russo da base da Crimeia (sul da Ucrânia, no mar Negro).

"Hoje ficará como uma página negra na história da Ucrânia e do Parlamento ucraniano", disse a ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko, agora na oposição, a jornalistas dentro do prédio.

As bombas lançadas pela oposição encheram o plenário de fumaça, e o presidente do Parlamento, Volodymyr Litvyn, se protegeu dos ovos sob guarda-chuvas providenciados pela segurança. Deputados da oposição estenderam bandeiras ucranianas sobre as mesas.

Esse foi o primeiro grande protesto contra Yanukovich desde sua eleição, em fevereiro, mas ainda não está claro se os vários partidos contrários a ele conseguirão se unir.

A questão da base russa salienta a profunda divisão nesta ex-república soviética de 46 milhões de habitantes. Yanukovich tem apoio principalmente da população russófona do leste e sul, inclusive da península da Crimeia.

Nacionalistas do oeste e do centro, liderados por Tymoshenko e pelo ex-presidente Viktor Yushchenko, veem a base como uma traição dos interesses nacionais, e gostariam de tirar os russos de lá ao final do contrato, em 2017.

Houve troca de empurrões no plenário, além de gritos e "impeachment!", "golpe!" e "traição."

Mas, ainda em meio à fumaça das bombas, o Parlamento aprovou a prorrogação da base russa por 236 votos - 10 a mais do que o mínimo necessário - e em seguida adotou prontamente o orçamento governamental de 2010, crucial para garantir um empréstimo de 12 bilhões de dólares do FMI. Por causa da confusão, a peça orçamentária foi aprovada sem debate prévio.

Yanukovich selou em 21 de abril um acordo com o governo russo, pelo qual se comprometia a prorrogar a concessão da base, em troca de um desconto de 30 por cento do preço do gás russo, o que alivia a precária situação das finanças ucranianas.

"Não há alternativa a essa decisão, porque a ratificação significa um preço mais baixo para o gás e um preço mais baixo para o gás significa o orçamento", disse o primeiro-ministro Mykola Azarov. "Orçamento significa acordo com o FMI, a possibilidade de receber investimentos. É um programa de desenvolvimento para a Ucrânia no futuro", prosseguiu.

Tymoshenko disse num comício: "Temos um slogan: a Ucrânia não está à venda. Precisamos construir um sistema poderoso para a defesa da Ucrânia."

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