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Cristina queria que a troca de poder fosse realizada no Congresso; Macri não aceitou em mais um  episódio de desconforto entre kirchneritas e macristas | UESLEI MARCELINO/REUTERS
Cristina queria que a troca de poder fosse realizada no Congresso; Macri não aceitou em mais um episódio de desconforto entre kirchneritas e macristas| Foto: UESLEI MARCELINO/REUTERS

Depois de tensas negociações e acusações de suposto “maltrato” por parte de seu sucessor, o presidente eleito Mauricio Macri, a chefe de Estado argentina, Cristina Kirchner, decidiu não participar da cerimônia de transferência do comando presidencial quinta-feira (10). S

egundo informou, nesta terça-feira (8) à noite, o diretor da Agência Federal de Inteligência (AFI), Oscar Parrilli, “não estão dadas as condições” para que Cristina presencie, como é tradição, o juramento de Macri no Congresso e, posteriormente, a posse na Casa Rosada.

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As negociações entre kirchneristas e macristas sobre a posse se transformaram em verdadeira comédia de enredos. Sem conseguir convencer Macri a receber a faixa e o bastão presidenciais no Congresso, nesta terça-feira (9) de manhã, Cristina se dispôs a deixar ambos os símbolos do poder presidencial no Parlamento para que seu sucessor, após prestar juramento diante de deputados e senadores, pudesse ser empossado na Casa Rosada, como deseja.

“Não estão dadas as condições, e damos por encerrada a discussão. A presidente, nestas condições, não irá à transferência”, enfatizou Parrilli.

A atitude do kirchnerismo provocou confusão e irritação entre representantes do novo governo, do Executivo e do Legislativo. O presidente eleito quer evitar eventuais incidentes com a bancada kirchnerista no Parlamento e se sente mais tranquilo com a posse na Casa Rosada, sem a presença de militantes de movimentos como o La Cámpora, liderado pelo deputado Máximo Kirchner, filho da presidente.

“Nossa sensação é de que a presidente está buscando vitimizar-se para mobilizar sua tropa e ofuscar a posse de Macri. O que o presidente quer é se mostrar forte em seu primeiro ato de governo”, comentou uma fonte da bancada macrista na Câmara.

A proposta de deixar o bastão e a faixa presidenciais no Congresso foi apresentada ao novo presidente do Senado, o macrista Federico Pinedo, pelo vice-presidente Amado Boudou e pelo deputado Eduardo de Pedro. Paralelamente, representantes do novo governo entraram na Justiça com um pedido de liminar para que seja aprovada uma resolução indicando que Cristina deixa de exercer o cargo de presidente à meia-noite de amanhã. A solicitação dos macristas, que teria desencadeado a ira da presidente, foi aceita pelo promotor Jorge Di Lello.

“A liminar busca deixar claro que a presidente não mandará em mais nada na quinta-feira, portanto, não pode definir como será a posse de seu sucessor”, explicou a fonte.

Antes mesmo da liminar, Cristina confirmara que não estaria presente numa eventual posse de Macri na Casa Rosada. Para a chefe de Estado, a cerimônia completa deve ocorrer no Parlamento, como vem acontecendo desde 2002. Na época, Duhalde foi designado pelo Congresso e quis fazer uma homenagem aos deputados e senadores que o tinham escolhido presidente. O mesmo modelo foi mantido por Néstor e Cristina Kirchner.

No entanto, muitos outros presidentes argentinos assumiram o cargo no palácio presidencial, entre eles Raúl Alfonsín (1983-1989), Carlos Menem (1989-1999) e Fernando de la Rúa (1999-2001).

Se Macri insistir em seguir uma tradição prévia ao kirchnerismo, uma das possibilidades é que a faixa e o bastão presidenciais lhe sejam entregues pelo presidente da Corte Suprema de Justiça, Ricardo Lorenzetti.

A atitude da presidente levou jornalistas a se referirem a ela como “Cruella De Vil”. Cristina programou viajar para a província de Santa Cruz, quinta-feira, para a posse da cunhada, Alicia Kirchner, como governadora. Macri ofereceu o avião presidencial, mas Cristina preferiu um voo de carreira da Aerolíneas Argentinas.

Nas ruas da capital, militantes do kirchnerismo e do macrismo prometem marchas de respaldo a Cristina e Macri, respectivamente, o que pode levar a incidentes. O atual secretário de Segurança, Sergio Berni, se comprometeu a exercer “com responsabilidade” suas funções para impedir violência.

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