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O presidente da Colômbia, Gustavo Petro
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro| Foto: Carlos Ortega/EFE

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou nesta quinta-feira (29) que seu país suspenderá todas as compras de armas de Israel, em protesto contra o suposto ataque, que Petro diz ter sido feito por Israel, que matou mais de 100 palestinos na Faixa de Gaza. Autoridades israelenses negam essa afirmação.

A decisão foi tomada um dia depois de o governo colombiano convocar o embaixador israelense no país, Gali Dagan, acusando-o de ter publicado uma “mensagem sarcástica” em uma rede social sobre os “assuntos internos da Colômbia”.

Petro fez o anúncio sobre a suspenção da compra de armas israelenses por meio de sua conta no X (antigo Twitter), onde compartilhou um vídeo do tumulto ocorrido na Cidade de Gaza, durante a distribuição de alimentos e ajuda humanitária.

“Pedindo comida, mais de 100 palestinos foram mortos pelo [primeiro-ministro israelense Benjamin] Netanyahu. Isso é chamado de genocídio e lembra o Holocausto, mesmo que as potências mundiais não gostem de reconhecê-lo”, escreveu o presidente esquerdista colombiano, acrescentando que a Colômbia estaria suspendendo “todas as compras de armas de Israel”.

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, que é controlado pelo grupo terrorista Hamas, que realizou em outubro do ano passado um ataque terrorista contra Israel, pelo menos 112 moradores da Cidade de Gaza morreram e 760 ficaram feridos nesta quinta-feira na rua Al Rashid, no sudeste da cidade, enquanto aguardavam a chegada de um comboio de 32 caminhões com ajuda humanitária.

O de Gaza, também controlado pelo Hamas, disse que o ataque foi “premeditado e intencional”, no contexto, segundo os terroristas, do “genocídio e da limpeza étnica do povo da Faixa de Gaza”. No entanto, as Forças de Defesa de Israel (FDI) negaram a acusação dos terroristas e disseram que a maioria das mortes aconteceu em uma debandada causada por uma multidão faminta que, segundo informações, saqueou e cercou os caminhões de ajuda, fazendo-os recuar.

A suspensão das compras de armas de Israel afeta principalmente o setor de segurança da Colômbia, que tem os israelenses entre seus principais fornecedores, especialmente de peças de reposição para aviões de combate Kfir, adquiridos na década de 1980, período em que os fuzis Galil, fabricados no país sob licença israelense, também chegaram na Colômbia. Em outubro, em meio à escalada da tensão diplomática entre os dois países por conta da posição controversa de Petro em apoio à Palestina, Israel já havia anunciado a suspensão das exportações do setor de segurança para a Colômbia.

Israel também é um importante parceiro comercial da Colômbia, para onde, em 2021, exportou US$ 115 milhões não apenas em produtos de segurança, mas também em equipamentos de transmissão, pesticidas, instrumentos médicos, têxteis, polímeros e maquinário para diferentes setores. A Colômbia exportou para Israel US$ 325 milhões, principalmente em briquetes de carvão, café e flores.

A convocação do embaixador israelense na quarta-feira foi motivada por uma mensagem que ele publicou em 12 de fevereiro, em resposta a uma postagem do chefe da Direção Nacional de Impostos e Alfândegas da Colômbia (DIAN), Luis Carlos Reyes. Nessa postagem, Reyes dizia: “Mais de um milhão de palestinos deslocados de Gaza estão encurralados na fronteira com o Egito, que agora está sob ataque do Exército israelense. Parem o genocídio”. Dagan respondeu: "Espero que você não esteja arrecadando impostos, pois está coletando informações sobre um conflito a milhares de quilômetros de distância do regime fiscal colombiano".

O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia considerou os comentários do embaixador como “inapropriados, contrários às relações diplomáticas entre nações soberanas e em desacordo com o artigo 41 da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas”, que obriga os diplomatas a respeitar as leis e os regulamentos do Estado receptor e a não interferir em seus assuntos internos.

A guerra na Faixa de Gaza, que eclodiu em outubro do ano passado após os ataques terroristas do Hamas contra Israel que deixaram 1,2 mil mortos no território israelense, tem sido o centro de vários desentendimentos nas relações diplomáticas entre Colômbia e Israel devido à postura do presidente esquerdista Gustavo Petro, que acusou, assim como o presidente brasileiro Lula, os israelenses de estarem realizando um “genocídio” em Gaza. (Com Agência EFE)

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