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O sorridente Kim Jong Un (no centro), ditador da Coreia do Norte: contra o “imperialismo americano”. | Governo da Coreia do Norte/Divulgação/Reuters
O sorridente Kim Jong Un (no centro), ditador da Coreia do Norte: contra o “imperialismo americano”.| Foto: Governo da Coreia do Norte/Divulgação/Reuters

De um lado da fronteira que divide duas sociedades há tanto tempo, as palavras chegam tão rápido quanto a globalização pode levá-las, geradas do inglês, a partir de “shampoo”, “juice” e “self-service”. Para os sul-coreanos, são a linguagem do cotidiano. Para os isolados habitantes da Coreia do Norte, porém, essas palavras não querem dizer nada.

Inverta os sinais, e o contrário também é verdade: as pessoas em Seul erguem suas sobrancelhas diante de palavras norte-coreanas como “salgyeolmul”, que literalmente significa “água de pele” — na Coreia do Sul se diz “loção de pele”.

Kim Jong Un tenta “purificar” língua

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Os países são inimigos, mas estão ligados pela história, pelas famílias e pela linguagem — neste último caso, só até certo ponto. A divisão de sete décadas na Península Coreana criou uma separação linguística cada vez maior, que produz mal-entendidos e fere sentimentos, mas às vezes também acaba em gargalhadas.

Konglish

é como é chamada a mistura entre palavras em inglês e em coreano na Coreia do Sul. Entre elas está “hand phone”, usada pelos sul-coreanos para designar celular.

Os sul e os norte-coreanos são geralmente capazes de se entender, já que a maioria das palavras e a gramática são as mesmas. Mas as diferenças mostram o quanto a linguagem pode mudar quando uma metade do país se torna uma potência econômica e a outra se isola, temerosa diante de influências estrangeiras.

A grande influência cultural dos Estados Unidos, através de sua presença militar, dos vínculos empresariais e de Hollywood, inundou o sul com palavras criadas a partir do inglês, conhecidas como “konglish”, que usa palavras em inglês de maneiras não tradicionais, como “handle” (manivela) para direção do veículo e “hand phone” para celular.

Na visão da Coreia do Norte, isso é mais uma evidência de que o Sul é uma colônia cultural americana.

Quando Pak Mi-ok chegou à Coreia do Sul, após desertar do Norte em 2002, ela ouviu de uma garçonete em um restaurante que a água era “self-service”, uma expressão que ela nunca escutara antes. Tímida, acabou a refeição com sede. “Eu fiquei com medo de como a garçonete me veria”, disse Pak. Ela começou a trabalhar em restaurantes, mas sofria para entender os consumidores. “Eu pensava que eles falavam uma língua diferente.”

Aos poucos, Pak começou a dominar as diferenças, e em uma recente entrevista usou palavras como “stress” e “claim” (reivindicação), que não se ouvem na Coreia do Norte.

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