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Após o afastamento de 27 oficiais das Forças Armadas por Álvaro Uribe, foi a vez de Montoya - um dos oficiais mais antigos da Colômbia - renunciar, em Bogotá | Jose Miguel Gomez / Reuters
Após o afastamento de 27 oficiais das Forças Armadas por Álvaro Uribe, foi a vez de Montoya - um dos oficiais mais antigos da Colômbia - renunciar, em Bogotá| Foto: Jose Miguel Gomez / Reuters

O comandante do Exército colombiano, general Mario Montoya, renunciou nesta terça-feira (4) depois de uma investigação ter ligado vários oficiais das Forças Armadas ao desaparecimento de homens que mais tarde foram assassinados a tiros, jogados em uma vala comum e dados como mortos em combate. O escândalo já obrigou o presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, a afastar 27 oficiais das Forças Armadas. Ao mesmo tempo, a Organização das Nações Unidas (ONU) e grupos de defesa dos direitos humanos pedem que o país não permita que membros de forças de segurança matem civis para inflar seu currículo de batalha.

Montoya, um dos oficiais mais antigos da Colômbia, havia comandado os recentes sucessos militares do governo Uribe no combate aos rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a mais antiga guerrilha de esquerda da América Latina. Os militares colombianos contam com o apoio maciço dos EUA.

- Eu passei 39 anos da minha vida servindo meu país e hoje posso dizer que essa jornada chegou ao fim - afirmou o general a repórteres, conclamando os colombianos a aguardarem pelo final das investigações antes de condenarem os soldados pelas mortes.

Uribe anunciou o recente expurgo nas fileiras militares depois de uma investigação ter ligado os oficiais à morte de ao menos 11 jovens que desapareceram de um bairro pobre das cercanias de Bogotá e cujos corpos foram mais tarde encontrados em uma vala comum localizada a centenas de quilômetros dali, perto da fronteira com a Venezuela.

Ainda não há presos nem acusados pelos supostos assassinatos.

As famílias deles afirmam que os jovens receberam um oferta para trabalhar no nordeste da Colômbia. A proposta teria sido feita por um grupo desconhecido. As Forças Armadas, no entanto, disseram inicialmente que os corpos pertenciam a combatentes mortos em conflito. Até 19 cadáveres já foram encontrados nas valas comuns. O gabinete do procurador-geral da Colômbia investiga o caso dos 11 jovens, mas ninguém foi preso ou acusado pelos assassinatos até agora.

Uribe, cujo governo recebeu bilhões de dólares em ajuda militar dos EUA, conta com um grande índice de aprovação popular devido às ações de combate a guerrilheiros e paramilitares. O número de casos de violência nas cidades e nas estradas colombianas caiu recentemente e o investimento estrangeiro aumenta.

No entanto, milhares de pessoas continuam a ser expulsas de suas casas todos os anos na zona rural, onde a presença do Estado é tênue e, segundo grupos de defesa dos direitos humanos, o número de execuções ilegais cresce enquanto as Forças Armadas vêem-se sob pressão para mostrar resultados na luta contra os guerrilheiros.

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