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O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, fala durante uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Nova York, nesta terça-feira (24)
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, fala durante uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Nova York, nesta terça-feira (24)| Foto: EFE/EPA/EDUARDO MUNOZ

O Conselho de Segurança da ONU, presidido pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, se reuniu nesta terça-feira (24), em Nova York, buscando uma nova solução para a guerra na Faixa de Gaza, um conflito que já dura 17 dias e não tem previsão de ser encerrado.

As novas tratativas ocorrem menos de uma semana após a tentativa frustrada do Brasil de emplacar uma resolução entre os países.

Na ocasião, o documento foi aprovado por 12 dos 15 membros do conselho, contou com duas abstenções, mas não passou por um veto dos EUA, que rejeitou a proposta porque o texto não reconhecia o direito de Israel de se defender.

Agora, uma nova solução, liderada pelo governo americano, é analisada entre as lideranças mundiais.

A sessão especial está em andamento nesta terça-feira (24), com participação de 86 países ou grupos de países (como a Liga Árabe), dos quais mais de 20 são representados por ministros das Relações Exteriores, incluindo Estados Unidos, França, Alemanha, Arábia Saudita e Turquia.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um discurso de abertura, que provocou duras críticas das autoridades israelenses presentes na sala.

Em sua fala, o chefe da organização condenou as "claras violações do direito internacional humanitário" em Gaza, exigindo um cessar-fogo "imediato" dos dois lados.

Segundo ele, "nada pode justificar o assassinato deliberado, a seleção de alvos, o sequestro de civis ou o disparo de mísseis contra alvos civis".

Ao mesmo tempo, Guterres sugeriu que os ataques da milícia palestina "não surgiram do nada", dando a entender que as ações terroristas iniciadas no dia 7 de outubro contra o território israelense são, de alguma forma, justificáveis.

Em seguida, o ministro brasileiro Mauro Vieira deu continuidade à reunião, mencionando uma declaração do presidente Lula.

"O Hamas deve libertar as crianças israelenses que foram raptadas das suas famílias. Israel deve cessar os bombardeios para que as crianças palestinas possam deixar a Faixa de Gaza. É preciso existir um mínimo de humanidade na insanidade da guerra", diz um trecho da citação do petista.

Em sua live semanal “Conversa com o Presidente”, feita nesta manhã, Lula criticou o governo de Israel pelo contra-ataque a Gaza em represália aos atos terroristas do Hamas.

Após uma contextualização da atual situação na região do Oriente Médio, o chanceler brasileiro exigiu a libertação dos reféns pelo Hamas e criticou a escalada dos ataques em Gaza, considerada por ele como "inaceitável".

"Como potência ocupante, Israel tem a obrigação legal e moral de proteger a população local ao abrigo do direito humanitário internacional", afirmou.

O presidente do Conselho de Segurança defendeu como solução para o conflito a criação do estado palestino. “Buscar a paz exige uma aderência à lei internacional, assim como um trabalho em direção a uma solução de dois estados”, afirmou.

Mauro Vieira ainda condenou a ocupação israelense da Cisjordânia, dizendo que "as colônias no território comprometem o diálogo pela paz na região".

“A ocupação da Cisjordânia é ilegal e mitiga os esforços de paz. Israel precisa acabar com os assentamentos nos territórios palestinos, incluindo Jerusalém. A diferença de tratamento entre pessoas dos assentamentos e os locais é inaceitável”.

Durante a sessão, autoridades palestinas e israelenses tiveram a oportunidade de discursar.

O ministro das Relações Exteriores da autoridade palestina, Riad al Malki, pediu para que a comunidade internacional compreenda que seus interesses "não estão alinhados com Israel".

Malki se dirigiu ao Conselho de Segurança da ONU, pedindo para que a entidade cumpra o seu papel no mundo como guardião da segurança, pois "o contínuo fracasso é indesculpável".

O porta-voz da autoridade palestina apelou ainda aos países para que "se sintam tão indignados com as vítimas civis palestinas como se sentem com as israelenses", no contexto da guerra entre Israel e as milícias do grupo islâmico Hamas na Faixa de Gaza.

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, iniciou seu discurso na ONU criticando as falas de Guterres. “Como você pode aceitar um cessar-fogo com alguém que jurou matá-lo, destruir sua própria existência?”, questionou.

Em seguida, o chanceler enfatizou que a "resposta proporcional", solicitada pelas lideranças mundiais em relação ao conflito, "é a destruição total do Hamas". "Não é apenas nosso direito, é nossa obrigação", disse em um tom de irritação após as declarações do secretário-geral.

Cohen continuou a rebater Guterres. “Senhor secretário-geral, em que mundo você vive? Sem dúvida, não é o nosso. Israel não escolheu entrar nesta guerra, para nós, ela é uma questão de sobrevivência", afirmou.

O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, também se manifestou sobre as declarações, pedindo a renúncia do secretário-geral da organização após seu discurso "distorcido e imoral" sobre a guerra.

“O discurso chocante do secretário-geral da ONU na reunião do Conselho de Segurança, enquanto foguetes são disparados contra todo Israel, provou conclusivamente, sem qualquer dúvida, que o secretário-geral está completamente desligado da realidade na nossa região e que ele vê o massacre cometido pelos terroristas nazistas do Hamas de uma forma distorcida e imoral”, afirmou Erdan na rede social X (antigo Twitter).

“A sua declaração de que ‘os ataques do Hamas não aconteceram no vácuo’ expressou uma compreensão pelo terrorismo e pelo assassinato. É realmente incompreensível. É verdadeiramente triste que o chefe de uma organização que surgiu após o Holocausto tenha opiniões tão horríveis. Uma tragédia!”, acrescentou o embaixador.

Nova proposta de resolução

Após o veto à minuta apresentada pelo Brasil na semana passada, os Estados Unidos levaram à discussão uma nova resolução sobre o conflito do Oriente Médio.

Os demais países do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas receberam o documento, que tem como foco o direito de autodefesa de Israel pelos ataques terroristas do Hamas no início do mês, questão que não foi apresentada pelo Brasil no dia 18.

O novo texto “reafirma o direito de autodefesa individual ou coletiva, inerente a todos os Estados, como consagrado no Artigo 51 da Carta da ONU”.

Ainda, o documento insta os Estados-Membros a combaterem o terrorismo, buscando restringir o financiamento de milícias como o Hamas.

Na liderança do órgão até o final do mês, o Brasil realiza consultas entre os membros do Conselho de Segurança para verificar a aceitabilidade da resolução para uma posterior aprovação.

Para entrar em vigor, é necessário que a minuta seja aceita por dois terços dos 192 votos na casa.

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