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Universitária morre em confronto no câmpus

Caracas – Uma universitária filiada ao partido oposicionista Primeiro Justiça foi morta a tiros sexta-feira no câmpus da Universidade de Zulia, na cidade de Maracaibo, quando participava de uma manifestação contra o adiamento das eleições para o grêmio estudantil. Outros quatro estudantes foram atingidos pelos disparos e estão internados em estado grave, segundo relatos da imprensa local.

A aluna morta foi identificada como Flavia Isapia. Ela tinha 21 anos e cursava o oitavo semestre de comunicação social. De acordo com um porta-voz da polícia, Cándido Carreño, o autor dos disparos foi "um cidadão que não tem nenhuma relação com a universidade. Sem motivo nenhum, sacou uma arma de fogo’’.

O reitor da universidade, Leonardo Atencio, disse ao canal Globovisión que as eleições universitárias têm provocado protestos há 15 dias e que a votação teve de ser adiada porque as instalações da comissão eleitoral foram incendiadas na quarta-feira. O reitor assinalou ainda que alguns jovens fecharam as ruas próximas da escola durante um protesto contra a decisão da comissão eleitoral de suspender as eleições estudantis.

A estatal Agência Bolivariana de Notícias (ABN) divulgou uma nota afirmando que o confronto ocorreu entre facções de estudantes opositores, sem envolvimento de alunos chavistas.

Caracas – Depois de anunciar diversas mudanças nos campos político e econômico da Venezuela, chegou a vez do presidente Hugo Chávez incluir a cultura em seu projeto do "socialismo do século 21". Desde que chegou ao poder em 1999, Chávez parece empenhado em criar um império midiático estatal, centralizando sob o controle do governo a produção televisiva, cinematográfica e, agora, musical do país.

"Chávez quer centralizar a cultura venezuelana da mesma maneira que fez com outros setores", diz a chefe do Departamento de Comunicação da Universidade Central da Venezuela, Moraima Guanipa. "O presidente está criando um aparelho cultural paralelo que deslegitima outros organismos que já atuavam nesse meio há anos", acrescenta.

Chávez – que declarou guerra ao "imperialismo cultural", exigiu que as rádios tocassem mais música nacional e criou um pólo de cinema para encorajar a produção venezuelana – continua promovendo sua "revolução cultural" no país, agora com a inauguração do Centro Nacional do Disco (Cendis) no dia 15. No site do Ministério do Poder Popular para a Comunicação e a Informação da Venezuela, o diretor do Cendis, Xulio Formoso, afirma que um dos principais objetivos do projeto – orçado em US$ 7 milhões – é "difundir o projeto bolivariano" do presidente. O órgão vai produzir inicialmente 28 mil CDs e DVDs diariamente para "democratizar" o trabalho de artistas nacionais.

Atualmente, Chávez controla seis emissoras de tevê, incluindo a Televisão Venezuelana Social (TVes). A TVes substituiu a Rádio Caracas Televisão (RCTV), emissora privada que não teve a concessão renovada pelo governo em maio. O Estado possui também oito estações de rádio, uma agência de notícias e a maior provedora de internet do país, a Cantv.

No ano passado, o presidente inaugurou a Vila do Cinema – uma instituição que conta com uma produtora de vídeo de última geração e tem como prioridade os filmes cujo roteiro venere a história do país. Muitos dos projetos da instituição, que traz em seu site o slogan "Luzes! Câmera! Revolução!", são políticos e criticam o chamado "imperialismo ianque". Um dos projetos em andamento é o filme Bambi C-4, baseado na história do ex-agente da CIA Luis Posada Carriles – apontado por Cuba e Venezuela como o autor de vários atos terroristas, entre eles a explosão de um avião cubano que fazia a rota Caracas-Havana em 1976 que deixou 73 mortos.

O analista político venezuelano Jesus Herrera, da Universidade Simón Bolívar, em Caracas, afirma que o governo de Chávez foi uma ruptura na cultura do país. "Os governos anteriores não davam importância à cultura nacional", disse Herrera. Segundo ele, Chávez implementou uma política nacionalista para revalorizar a tradição cultural da Venezuela.

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