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Sanções ao Irã do presidente Mahmoud Ahmadinejad (foto) podem ter efeito negativo, disse o chanceler Celso Amorim. | REUTERS/Ricardo Moraes
Sanções ao Irã do presidente Mahmoud Ahmadinejad (foto) podem ter efeito negativo, disse o chanceler Celso Amorim.| Foto: REUTERS/Ricardo Moraes

O Irã afirmou nesta quinta-feira que vai rever suas relações com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU) um dia depois de o Conselho de Segurança ter aprovado uma quarta rodada de sanções contra Teerã por causa de seu programa nuclear O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse que as sanções são como "moscas irritantes" e inúteis como "lenços de papel usados".

Alaeddin Boroujerdi, o presidente do poderoso Comitê de Política Externa e Segurança Nacional no Parlamento, descreveu as sanções como "políticas, ilegais e ilógicas" e disse que os legisladores vão rapidamente "começar uma revisão das relações do Irã "com a AIEA. Ele não disse que opções serão discutidas, mas uma revisão poderia resultar na restrição ao acesso dos inspetores da AIEA às instalações nucleares iranianas.

O porta-voz do ministério de Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast, disse que a imposição de novas sanções "não é construtiva e vai destruir as bases para a resolução da atual crise" com o Ocidente.

Embora os Estados Unidos tenham afirmado que as sanções são as mais duras que o Irã já enfrentou, elas não representam as penalidades "incapacitantes" que a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton prometeu buscar um ano atrás se as tentativas de engajar o Irã diplomaticamente fracassassem.

As novas sanções não afetam as exportações de petróleo, o principal item da economia iraniana, porque isso teria custado aos Estados Unidos o apoio essencial da Rússia e da China, que têm poder de veto no Conselho de Segurança, além de fortes laços econômicos com Teerã. Os russos e chineses também rejeitaram qualquer proibição às importações de gasolina.

A revisão iraniana, que deve começar no domingo, deve ser um prolongado discurso da República Islâmica contra as sanções. No passado, o Parlamento respondeu à pressão internacional em relação a seus programa nucelar aprovando leis que abriram a porta para o Irã acelerar suas atividades nucleares.

Funcionários iranianos disseram que as novas sanções farão pouco mais do que endurecer a decisão do país de seguir com seu programa nuclear. O Irã diz que seu programa tem como objetivo o uso pacífico da energia nuclear, mas os Estados Unidos e países do Ocidente suspeitam que o alvo seja a produção de armas atômicas.

Alguns funcionários iranianos foram mais cautelosos sobre as ligações com a AIEA.

Ali Akbar Salehi, o presidente da organização de energia atômica do Irã, disse, segundo a agência de notícias semioficial Ilna, que os planos para reduzir as relações com a AIEA "devem ser detalhadamente examinados" e que o Irã vai anunciar sua posição "após revisão e análises".

Salehi acusou o Ocidente de tentar incitar o Irã, mas disse que o país é "paciente e não vai reagir precipitadamente". Ele disse que a resolução marca o último recurso do Ocidente, que deveria aceitar o direito do Irã de ter um programa nuclear.

A televisão estatal concentrou sua cobertura nos votos do Brasil e da Turquia no Conselho de Segurança - os dois membros não-permanentes que votaram contra as sanções. A televisão iraniana mostrou esses votos como uma "derrota" para a tentativa dos Estados Unidos em conseguir um consenso no mais poderoso organismo da ONU.

Os 70 milhões de iranianos tem vivido sob algum tipo de sanção ou restrição na maior parte das últimas três décadas e nas ruas de Teerã, nesta quinta-feira, as pessoas consideraram a última punição calmamente.

Mahsa Rezaei, 27 anos, estudante de Ciências da Computação na Universidade Shahid Beheshti em Teerã, disse que duvida que as últimas sanções sejam mais efetivas do que as três rodadas anteriores.

"Isto é algo entre os países ocidentais e o Ocidente e o governo, não com pessoas comuns", disse Rezaei à Associated Press.

Analistas questionam se as novas sanções vão de alguma forma persuadir os iranianos a suspender seu programa de enriquecimento de urânio, em rápida expansão, e se sentarem numa mesa de negociação com os Estados Unidos, China, Rússia e outras potências que ofereceram um pacote de incentivos em troca da suspensão do programa. O processamento de urânio é um processo que pode ser usado para desenvolver energia nuclear ou armas atômicas.

O presidente Mahmoud Ahmadinejad disse na quarta-feira que as últimas medidas da ONU são "moscas irritantes, como um lenço de papel usado". Durante uma visita oficial ao Tajiquistão, ele disse que a resolução "não vale um centavo para a nação iraniana".

Um membro linha-dura do comitê parlamentar, Mohammad Karamirad, sugeriu que o Irã poderia deixar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, ou TNP.

"Se o ocidente planeja aumentar suas pressões políticas e ameaças, a questão da saída do TNP estará na agenda no Parlamento", disse ele segundo a agência de notícias Irna. Karamirad sugeriu, no passado, que o Irã se retirasse do TNP, mas isso não aconteceu.

O ministro do Comércio, Mahdi Ghazanfari, disse na quinta-feira em Pequim que as novas sanções serão "ineficientes" e que o Irã vai encontrar "novas formas" para cooperação econômica com outros países, informou a Ilna. Ghazanfari afirmou que mesmo dentre os que votaram a favor das sanções "há países que estão buscando cooperação econômica com o Irã e aproveitando oportunidades", uma aparente referência à China, que é parceira comercial do país persa.

Tanto a China quanto a Rússia vislumbram investimentos no setor de energia iraniano, optando por manter a porta aberta por meio de memorandos de entendimento com Teerã à espera de um período no qual suas empresas possam investir com mais liberdade no país.

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