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Imagem de Marte, feita por uma câmera de 34 milímetros acoplada ao Curiosity, divulgada pela Nasa, agência espacial americana, no dia 28 de agosto | Nasa/AFP
Imagem de Marte, feita por uma câmera de 34 milímetros acoplada ao Curiosity, divulgada pela Nasa, agência espacial americana, no dia 28 de agosto| Foto: Nasa/AFP

Depoimentos

"Estudando o planeta vermelho queremos entender todo o Sistema Solar bem como outros sistemas planetários e a própria vida!"

Alexandre Zabot, doutor em Astrofísica pela Universidade Federal de Santa Catarina.

"O principal objetivo dessa missão é encontrar compostos de carbono que formam os blocos químicos essenciais à formação de vida."

Rogério Toniolo, professor de Física da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

  • Marcas dos pneus deixadas pelo jipe em solo marciano, em 22 de agosto
  • Fotografia feita por câmera à esquerda do jipe-robô, de 16 de agosto
  • Engenheiros trabalham em réplica do Curiosity, em laboratório da Nasa

Essa história de chegar a Marte não é de agora. O jipe-robô Curiosity pousou no planeta vermelho no dia 5 do mês passado. Antes dele, outros aparatos da Nasa, a agência espacial americana, conseguiram o mesmo feito. "As primeiras missões bem- sucedidas da Nasa aconteceram em 1976, com o pouso das sondas Viking I e Viking II", explica o professor Juan Pablo de Lima Costa Salazar, doutor em En­­­­genharia Aeroespacial pela Univer­­sidade de Cor­­nell.

Salazar des­­taca que o Curiosity é­­ o maior e mais pesado de todos os equipamentos desenvolvidos para ex­­plorar território marciano.­­ Ele tem o dobro do comprimento e cinco vezes o peso do Spirit e do Oportunity, jipes-robôs que chegaram a Marte em 2004. (Antes, houve ainda o Mars Pathfinder, de 1997.)

Além de divulgar várias imagens feitas pelo Curiosity, a Nasa transmitiu, direto de Marte, uma canção nova do rapper Will.i.am, "Reach for the Stars" ("Alcance as estrelas"), numa tentativa de popularizar a missão. Mas, na prática, o que um leitor alheio a pesquisas científicas tem a ver com a exploração de Marte?

Do ponto de vista tecnológico, colher informações marcianas tem efeito na vida cotidiana. "Uma missão espacial bem-sucedida é feita de uma mescla de tecnologias testadas e inovação. Assim, contribuições surgem na área de propulsão, materiais, telecomunicações, aviônica, engenharia de software", lista Salazar.

O professor dá alguns exemplos, que vão da purificação de água até papinha de nenê e incluem instrumentos cirúrgicos e realidade virtual, todos com origem em pesquisas espaciais.

Para Salazar, as imagens de Marte, como as que ilustram esta página, são "inspiradoras": "Poder contemplar as paisagens de um outro planeta como se estivéssemos lá traz muito emoção. Nunca irei a Marte, mas a espécie humana, sim. É só uma questão de tempo".

Alexandre Zabot, doutor em Astrofísica pela­­ Uni­­versidade de Santa Catarina, diz que o laboratório acoplado ao Curiosity é uma das coisas que mais o impressionam. "Há mais de uma dúzia de detectores e aparelhos de altíssima tecnologia a bordo!", afirma, usando a exclamação nas respostas por e-mail. "Isto é completamente revolucionário e a capacidade de todo este equipamento ainda não é totalmente conhecida", diz.

Zabot cita o telescópio­­ Hub­­ble, colocado em órbi­­ta em 1990 e ainda em funcionamento.

As informações fornecidas por ele mudaram a Astrofísica para sempre. "[O Hubble] abriu novas áreas de pesquisa que nem eram imaginadas na época do lançamento", diz.

O Curiosity terá destino semelhante, diz o pesquisador. "Penso que o laboratório a bordo do Curiosity fará o mesmo [que o Hubble] no que diz respeito ao estudo de planetas e a formação planetária", afirma. "A busca por vida fora da Terra também sofrerá impulsos espetaculares que são difíceis de prever neste momento."

Estudar o planeta vermelho, explica Zabot, é um meio de entender todo o Sistema So­­lar bem como outros sistemas planetários e a própria vida.

A escritora Ly­dia Netzer escreveu um livro, Shi­ne, Shine, Shine (inédito no Brasil), sobre as desventuras da espo­­sa de um astronauta. Pa­­ra o New York Times, ela produziu um artigo em que compara as imagens de Marte à chegada do homem à Lua.

"Não houve nenhuma mudança­­ palpável quando o pé de Neil Armstrong deixou uma marca na poeira lunar e os olhos dele se voltaram para nós", escreve Lydia. "Mas nós mudamos, fundamentalmente. O desconhecido se tornou conhecido. O invisível se tornou visível. E nosso horizonte humano expandiu 320 mil quilômetros."

"É por isso que Marte é importante", conclui ela. Pela possibilidade de expandir o horizonte da humanidade.

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