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América do Sul

Argentina abre “guerra” contra o Uruguai por causa de fábrica

Guilhermina Guinle no papel da socialite Alice, em "Paraíso Tropical" | Reprodução www.globo.com/paraisotropical
Guilhermina Guinle no papel da socialite Alice, em "Paraíso Tropical" (Foto: Reprodução www.globo.com/paraisotropical)

Buenos Aires – A Guerra da Celulose, que enfrenta o Uruguai e a Argentina há dois anos, entrou em uma nova escalada a partir de ontem com o início do funcionamento do pivô desse conflito, a fábrica de celulose da empresa finlandesa Botnia, instalada no município uruguaio de Fray Bentos, à margem do rio Uruguai, que divide os dois países. O governo do presidente Néstor Kirchner, ao tomar conhecimento que a fábrica estava funcionando a todo vapor, reagiu com fúria.

Durante um dos intervalos da Cúpula de Países Ibero-americanos realizada em Santiago do Chile, o presidente Néstor Kirchner encontrou-se com o presidente uruguaio Tabaré Vázquez no banheiro e, rejeitando conversar com seu colega, o presidente argentino desferiu: "Você nos deu uma punhalada nas costas". Vázquez tentou explicar seus motivos a Kirchner, mas este negou-se a dialogar.

Na seqüência, em Buenos Aires, de maneira mais formal que a curta conversa presidencial no mictório, o governo argentino convocou o embaixador uruguaio e apresentou de forma oficial seu protesto. O chefe do gabinete de ministros, Alberto Fernández, afirmou que por causa da Botnia, a relação com o Uruguai "ficou muito ferida" e que a atitude de Vázquez "está à beira do cinismo". Vázquez afirmou que "o Uruguai não tem que pedir licença a ninguém".

A fábrica da Botnia é abominada pelos habitantes do lado argentino da fronteira que alegam que ela causará um "apocalipse" ambiental e econômico. O governo uruguaio, respaldado pela opinião pública, nega-se a suspender o funcionamento da fábrica, já que constitui o maior investimento da história do país, no total de US$ 1,2 bilhão, equivalente a 9% do Produto Interno Bruto (PIB) uruguaio. Os analistas afirmam que a Guerra da Celulose foi útil para Kirchner, que usou o Uruguai como bode expiatório dos problemas internos argentinos.

Desde 2005 os residentes de Gualeguaychú (cidade de 90 mil habitantes), realizam piquetes – com a condescendência do governo Kirchner – nas pontes entre os dois países para pressionar o governo Vázquez a suspender a construção da fábrica. A ponte com Fray Bentos está bloqueada ininterruptamente há um ano. Embora os piquetes violem o princípio de livre circulação de bens e pessoas do Mercosul, Kirchner recusou-se a reprimir os manifestantes.

A modo de prevenção, o governo Vázquez fechou ontem a ponte entre Fray Bentos e Gualeguaychú.

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