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Reservas internacionais

Argentina renova swap cambial com a China e mantém acesso a US$ 5 bilhões em yuanes

Argentina renova swap cambial com a China e mantém acesso a US$ 5 bilhões em yuanes
O presidente Javier Milei e representantes do regime comunista da China durante a posse do presidente Donald Trump, nos EUA, em janeiro deste ano (Foto: EFE/EPA/CHIP SOMODEVILLA / POOL)

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A Argentina renovou nesta quinta-feira (10) parte do acordo de swap cambial com o Banco Popular da China — o banco central do regime comunista — e assegurou por mais 12 meses o acesso a US$ 5 bilhões em yuanes — a moeda chinesa — que vêm sendo utilizados desde 2023 como parte das reservas do Banco Central argentino. Esse valor corresponde a um trecho ativado de um acordo maior, que totaliza cerca de US$ 18 bilhões.

A renovação evita que o montante começasse a ser reduzido em junho, como estava previsto, e estende sua vigência até meados de 2026 — em meio ao esforço do governo de Javier Milei para reforçar as reservas internacionais e conter pressões por uma nova desvalorização do peso.

O anúncio foi feito pelo Banco Central da Argentina, em meio às negociações de um novo empréstimo com o Fundo Monetário Internacional e às articulações do Ministério da Economia para reequilibrar as contas externas. Em nota oficial, o BCRA informou que a medida permitirá à instituição “reduzir os riscos” durante a transição para um “regime monetário e cambial consistente e sustentável, em um contexto internacional desafiador para os fluxos de capitais externos”.

O ministro da Economia, Luis Caputo, celebrou publicamente a renovação do swap com uma publicação nas redes sociais: “IMPORTANTE!”, escreveu em letras maiúsculas, ao compartilhar o comunicado do Banco Central. A reação pode indicar o peso que o governo Milei atribui ao mecanismo, visto internamente como um “salva-vidas” para garantir liquidez em moeda estrangeira.

O swap cambial é um acordo entre os bancos centrais, neste caso da Argentina e da China, que permite a troca de moedas, nesse cenário, pesos por yuanes. Na prática, o swap cambial entre China e Argentina vem funcionando como um reforço temporário das reservas internacionais de Buenos Aires, ajudando o Banco Central argentino a manter a estabilidade do câmbio e a ganhar tempo diante da escassez de dólares. Parte dos yuanes, inclusive, já vinha sendo usado para pagar importações que chegam de Pequim, o que aliviou a pressão sobre as reservas em moeda americana.

A renovação do swap ocorre num momento em que os Estados Unidos pressionam a Argentina a se afastar de Pequim. Segundo a imprensa local, autoridades americanas sugeriram isso a representantes do governo Milei durante reuniões recentes Washington.

“Queremos que termine a famosa linha de crédito que a Argentina tem com a China”, declarou recentemente Mauricio Claver-Carone, assessor do governo do presidente Donald Trump, fazendo referência ao swap cambial.

O mecanismo foi firmado com a China em 2009, ainda durante o governo de Cristina Kirchner, e renovado pelos governos de Maurício Macri e Alberto Fernández. Em 2023, ainda sob o governo Fernández, a Argentina também ativou parte do swap, em plena crise cambial, para poder usar yuanes no comércio bilateral. Embora Milei tenha feito duras críticas ao regime chinês durante a campanha eleitoral, a escassez de reservas levou seu governo a manter o acordo por mais um ano.

O próprio Milei parece ter mudado seu pensamento sobre a China, já que ele elogiou Pequim no ano passado, afirmando que o regime comunista liderado pelo ditador Xi Jinping era “um parceiro comercial muito interessante porque não exige nada".

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