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Londres – A proliferação de armas leves representa uma "epidemia" que causa a morte de mil pessoas por dia no mundo, segundo um relatório divulgado ontem pela Rede Internacional de Ação Contra Armas Leves (Iansa, na sigla em inglês). "Dessas mil mortes, uma média de 560 se tratam de homicídios; 250 são causadas pelas guerras; 140 são suicídios, enquanto 50 são acidentes ou casos de intenção indeterminada.

Três pessoas ficam feridas para cada uma que morre", afirma a mesma entidade. Esse problema constitui uma "epidemia que demanda uma ação internacional imediata", disse a diretora da Iansa, Rebecca Peters, na apresentação do relatório na sede da Associação da Imprensa Estrangeira em Londres.

O documento da Iansa – uma rede com sede em Londres formada por mais de 700 ONGs que inclui grupos pró-direitos humanos, vítimas, médicos, acadêmicos e advogados, entre outros – acrescenta que "há 640 milhões de armas leves no mundo, uma para cada 10 pessoas".

Intitulado "2006: obtendo controle sobre a crise internacional das armas", o relatório denuncia especialmente que "milhares de crianças estão armadas e lutando em mais de 20 conflitos ao redor do mundo". Além disso, em países como a Colômbia e o Brasil, milhares de crianças armadas patrulham áreas urbanas e participam de atos de violência. No Rio de Janeiro, citado pela Iansa para exemplificar a situação, pelo menos 5,5 mil dos 12 mil crianças e adolescentes envolvidos no contrabando de narcóticos possuem armas de pequeno calibre.

A rede de ONGs indica, além disso, que as armas leves são "a maior ameaça para a segurança dos civis" no Iraque, apesar dos contínuos atentados que atingem o país. Entre 1.º de maio de 2003 – quando EUA declararam o fim oficial da Guerra do Iraque – até 18 de março de 2005, 5.502 pessoas morreram em fatos relacionados a explosões, enquanto 8.894 morreram em atos criminosos com uso de armas leves.

"Oito milhões de novas armas são fabricadas a cada ano por pelo menos 1.249 companhias de 92 países", o que gera cerca de US$ 4 bilhões anuais, dos quais em torno de US$ 1 bilhão corresponde a uma venda "não autorizada ou ilícita".

A Iansa reitera que "a fonte do mercado ilegal é o comércio legal", e publica uma lista dos 18 maiores exportadores mundiais de armas leves (classificação na qual se incluem revólveres, metralhadoras e granadas, entre outros armamentos) liderada pelos EUA, seguidos por Itália e Brasil.

Para buscar soluções para o problema, a Iansa insta a comunidade internacional a participar a Conferência de Revisão das Armas de Pequeno Calibre das Nações Unidas, que será realizada no mês de junho em Nova Iorque.

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