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Plataforma High Line, no bairro nova-iorquino de Chelsea, adaptou a linha ferroviária para criar um parque elevado: um dos endereços luxuosos da cidade | La Citta Vita/Creative Commons
Plataforma High Line, no bairro nova-iorquino de Chelsea, adaptou a linha ferroviária para criar um parque elevado: um dos endereços luxuosos da cidade| Foto: La Citta Vita/Creative Commons

Anos 1990

Região de armazéns e fábricas foi tomada por galerias de arte

A região da High Line nem sempre foi disputada como é hoje. O oeste de Chelsea foi inicialmente ocupado por fábricas e armazéns, ainda nos anos 1930. Quando a indústria começou a migrar para os subúrbios, nas décadas de 1960 e 1970, os espaços foram tomados por empresas da indústria criativa. Vinte anos depois, chegaram as galerias de arte, egressas do SoHo. E o High Line, desenhado pela empresa de arquitetura Diller Sofidio + Renfro — responsável também pelo projeto do novo Museu da Imagem e do Som, na Praia de Copacabana —, mudou de vez o destino da região.

"Até recentemente, a 10ª Avenida era o mais a oeste que alguém moraria no bairro. Mas os novos empreendimentos são predominantemente residenciais. A área tem uma série de elementos favoráveis: fica perto da estrada que beira o Rio Hudson, ou seja, é fácil de chegar e sair; os prédios não são muito altos, então há muita luz natural. Virou um objeto de desejo", afirma Yana Milanova, corretora de imóveis de luxo. Ela cita terrenos (hoje ocupados por estacionamentos) disponíveis por US$ 700 (R$ 1.700) o pé quadrado, e que o Hudson Yards, megaempreendimento em construção no extremo norte do High Line, trará uma quantidade significativa de imóveis comerciais e residenciais à região, que ganhará uma estação de metrô na 11ª Avenida, na altura da Rua 34.

"Starchitect" é a expressão usada para definir os arquitetos que são também celebridades do meio, muitos deles têm projetos ao longo da High Line, no bairro de Chelsea.

50

No prédio projetado pelo arquiteto inglês Norman Foster, ainda em obras, uma cobertura foi vendida por US$ 50 milhões (ou R$ 120 milhões).

  • Passarela é cercada de prédios de vanguarda, criados por figurões da arquitetura

Shigeru Ban, o arquiteto japonês que levou o prêmio Pritzker este ano, está lá. Estrelas do naipe de Jean Nouvel e Frank Gehry também. Outras, como Norman Foster e Zaha Hadid, já começam a marcar presença. E o paulista Isay Weinfeld será o mais novo integrante daquele que vem sendo considerado o maior museu de arquitetura a céu aberto do mundo: a High Line.

A plataforma elevada construída ao longo de uma antiga ferrovia no Chelsea, em Manhattan, entre a 10ª e a 11ª avenidas, virou uma área cercada por prédios de vanguarda assinados pelos criadores mais celebrados do planeta. E a recente inauguração da terceira fase da passarela, que agora se estende até a Rua 34, só criou mais espaço para a tendência.

O empreendimento projetado pelo brasileiro — contíguo ao edifício da iraquiana Zaha Hadid, já em construção — será composto de duas torres residenciais e ocupará toda a extensão norte-sul do quarteirão entre as ruas 27 e 28. Um túnel vai cortar o terreno, criando um jardim privado para os moradores dos 36 apartamentos, que terão entre um e quatro quartos. O nome do complexo, aliás, será Jardim. Contratado por empreendedores americanos, Weinfeld vem trabalhando em silêncio há um ano. O lançamento deve ser em fevereiro, quando o estande de vendas fica pronto.

Dinheiro

Os imóveis projetados pelos chamados "starchitects" em volta do High Line custam, em média, 50% mais caro. O prédio de Shigeru Ban, por exemplo, tem um de três quartos à venda por US$ 7 milhões (R$ 16,8 milhões), e outro similar no mercado de aluguéis por US$ 15 mil (R$ 36 mil) mensais. Um quarto e sala no edifício do francês Jean Nouvel está anunciado por US$ 2 milhões (R$ 4,8 milhões) e o aluguel sai por US$ 8 mil (R$ 19 mil).

"Existe cada vez mais valor na arquitetura criativa", diz a corretora Yana Milanova, da Town, líder no mercado imobiliário de luxo nova-iorquino. "A região está muito mais atraente."

Endereços da High Line têm extravagâncias

Muito além das fachadas surpreendentes, os prédios que transformaram o High Line numa vitrine da arquitetura contemporânea mundial trazem toda a sorte de amenidades que se imagina encontrar em empreendimentos do gênero — piscina, serviço de concierge, salas de ginástica e de massagem. Mas outros luxos chamam a atenção: no 22 Eleventh Avenue, da alemã Annabelle Selldorf, os moradores contam com elevadores para carros, que são estacionados ao lado da porta de entrada de cada apartamento. E no 522 West 29th, um dos dois projetos concebidos pelo malaio radicado em Cingapura Soo Chan para o mesmo quarteirão e que devem ficar prontos em 2016, a maioria das 27 unidades terá piscina.

O primeiro edifício criado com o High Line em mente foi o Standard Hotel, de Todd Schliemann, inaugurado poucos meses antes do próprio parque, em 2009 (ao lado dele, no limite sul da plataforma suspensa, está em fase final de construção o novo museu Whitney, desenhado pelo italiano Renzo Piano).

Na Rua 19, um condomínio de duas torres que sobem com a assinatura do dinamarquês Thomas Juul-Hansen terá um lobby comum embaixo dos antigos trilhos. Já o prédio do americano Neil Denari, na Rua 23, vai ficando mais largo nos andares superiores, reclinando-se para cima do High Line.

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