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Residência do colecionador de arte Cornelius Gurlitt, filho de Hildebrand, em Salzburgo, na Áustria: 1.400 mil obras | Dominic Ebenbichler/Reuters
Residência do colecionador de arte Cornelius Gurlitt, filho de Hildebrand, em Salzburgo, na Áustria: 1.400 mil obras| Foto: Dominic Ebenbichler/Reuters

115 pinturas, 19 desenhos e 6 caixas de objetos de Gurlitt foram inventariados em 1946 pelo programa de Arquivos, Monumentos e Belas Artes, também chamado de os "Homens dos Monumentos", criado pelos aliados para proteger a propriedade cultural.

Filme

O programa de Arquivos, Monumentos e Belas Artes inspirou um filme, The Monuments Men, escrito, dirigido e estrelado por George Clooney, e ainda sem título em português. A produção, com estreia prevista para o ano que vem, tem ainda Matt Damon, Bill Murray, John Goodman e Cate Blanchett no elenco.

1950 foi o ano em que a maior parte da arte confiscada pelos aliados, incluindo obras de Edgar Degas, Marc Chagall e Max Beckmann, foi devolvida ao colecionador Hildebrand Gurlitt, segundo uma nota nos arquivos.

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Em 1945, as tropas aliadas confiscaram 115 pinturas de um negociante e colecionador de arte e as devolveram quatro anos mais tarde, de acordo com o pesquisador norte-americano Marc Masurovsky, cofundador do Projeto de Restituição de Arte do Holocausto.

Masurovsky, cujo grupo trabalha para retornar aos donos as obras de arte saqueadas por nazistas, disse que os documentos nos Arquivos Nacionais dos EUA mostram que a maioria das peças tomadas pelos aliados foi devolvida a Hildebrand Gurlitt, um comerciante autorizado pelo ministro Joseph Goebbels, responsável pela propaganda de Hitler, a vender arte roubada pelos nazistas.

A descoberta foi possível depois que o governo alemão divulgou que foram encontradas 1.400 obras no apartamento do filho recluso de Gurlitt, Cornelius, em Munique. A notícia foi dada agora, depois de mais de um ano de investigações desde que Cornelius foi parado na alfândega do país, voltando da Suíça com uma quantia grande de dinheiro.

Masurovsky disse que vasculhou os Arquivos Nacionais dos EUA na internet depois da publicação da notícia.

Ele também teve acesso a uma lista de cinco páginas das obras da coleção de Gurlitt. Dela, 115 pinturas, 19 desenhos e 6 caixas de objetos foram inventariados em 1946 pelo programa de Arquivos, Monumentos e Belas Artes (MFAA, na sigla em inglês).

Os integrantes do programa, criado pelos aliados em 1943 para proteger a propriedade cultural, eram conhecidos como "Homens dos Monumentos".

Segundo uma nota encontrada nos arquivos, a maior parte das peças – de Edgar Degas, Marc Chagall e Max Beckmann, entre outros – foi devolvida a Hildebrand Gurlitt em 1950 por Theodore Heinrich, um americano a serviço dos aliados.

Redes sociais

O grupo de Masurovsky postou a lista no Facebook e publicou a descoberta no Twitter na última quarta-feira. Quatro pinturas não foram devolvidas a Gurlitt, indo para as autoridades francesas em 1947, disse Masurovsky.

Devolução de obras teria sido um equívoco

As obras confiscadas pelos aliados incluem um autorretrato de Otto Dix, uma das imagens que as autoridades alemãs disseram nesta semana ter encontrado no tesouro no apartamento de Cornelius Gurlitt, filho do comerciante que trabalhava para os nazistas. O governo alemão não publicou uma lista completa do que foi encontrado.

As obras de arte listadas pelos aliados na época da guerra são "uma janela do que está nas mãos das autoridades alemãs", disse o pesquisador Marc Masurovsky.

Se os Estados Unidos entregaram as obras de volta a Gurlitt, devem tê-lo feito por erro, segundo Jonathan Petropoulos, professor de história na Facul­­dade Claremont McKenna na Califórnia, e autor de The Faustian Bargain: The Art World in Nazi Germany.

"Os Homens dos Monu­­mentos não eram perfeitos", disse Petropoulos à Reuters.

Hildebrand Gurlitt foi um dos quatro negociadores de arte escolhidos para acabar com a arte "degenerada" retirada das coleções estatais durante a era nazista, disse Petropoulos.

Cerca de 300 das obras no tesouro de Munique teriam sido tiradas de museus estatais alemães, enquanto o restante pode ter vindo de vítimas dos nazistas.

Gurlitt também era marchand de Hitler e do Führer Museum, e pode ter obtido muitas outras obras por meio de ações criminosas dos nazistas em Paris.

Quando fugiu depois da guerra, o colecionador teria dito que perdeu tudo no bombardeio de Dresden. Gurlitt morreu em 1956.

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