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Dissidente chinês Ai Weiwei conversa com jornalistas em seu estúdio, na cidade de Pequim, após ser libertado da prisão sob o pagamento de fiança | David Gray/Reuters
Dissidente chinês Ai Weiwei conversa com jornalistas em seu estúdio, na cidade de Pequim, após ser libertado da prisão sob o pagamento de fiança| Foto: David Gray/Reuters

Arte

Perseguido em casa, autor conquistou fama mundial

Quando foi escalado, há quatro anos, para a Documenta, uma das mais importantes mostras de arte no mundo, em Kassel, na Alemanha, Ai Weiwei não quis ir sozinho.

Ele negociou a ida de 1.001 cidadãos chineses para viverem na cidade enquanto durasse a mostra.

Sua obra pretendia ilustrar a estranha condição de seu país, gigante econômico que, na sua visão, atropela o próprio povo.

Na mesma mostra, que alçou o artista a astro global, Ai levou relíquias chinesas, como portas de casas de aldeias devastadas pela modernização e cadeiras com séculos de idade. O mobiliário ficou à disposição do público.

Por esses e outros trabalhos de tom ácido, Ai virou o chinês de maior expressão mundial nas artes visuais, festejado pelo mundo e perseguido em casa.

No que críticos viram como uma tentativa do governo de cooptar sua fama, Ai foi convidado para desenhar o estádio olímpico de Pequim, ao lado dos arquitetos suíços da firma Herzog & De Meuron.

Mas não desviou o foco das denúncias contra os abusos de poder na China.

Pequim - O artista e dissidente chinês Ai Weiwei foi libertado ontem sob fiança, devido a seu "bom comportamento e depois de confessar seus delitos", informou a polícia chinesa em comunicado.

Weiwei, 53 anos, foi detido em 3 de abril, sem ordem judicial, no aeroporto de Pequim, quando tentava embarcar em Pequim num voo rumo a Hong Kong.

A polícia chinesa afirmou dias depois que o artista está sendo investigado por crimes econômicos, sem mais detalhes. No comunicado de ontem, a polícia diz que uma das condições da soltura é que Weiwei se comprometeu a devolver todo o dinheiro dos impostos que sonegou. Segundo comunicado, a libertação foi em consequência também da "doença crônica" do artista. Weiwei sofre de diabetes e hipertensão.

O caso de Weiwei é o mais notório da onda de repressão iniciada em meados de fevereiro pelo governo chinês, temeroso de que a onda de protestos no mundo árabe inspire manifestações pró-democracia no país.

Nesse período, foram detidos ou desapareceram mais de 40 escritores, artistas, ativistas e advogados ligados à defesa dos direitos humanos, segundo levantamento do blog China Geeks.

Weiwei é um artista de vanguarda e tido como o artista chinês contemporâneo mais reconhecido no mundo, com exposição em vários países.

No Brasil, a obra Círculo de Animais participou da Bienal de São Paulo, no ano passado. Atu­almente, uma instalação sua está em exibição no Tate Modern, o mais importante espaço de arte contemporânea em Londres.

Na China, ajudou no desenho do Ninho de Pássaro, o Estádio Olímpico de Pequim, ícone dos Jogos Olímpicos de 2008.

Weiwe disse estar muito feliz por estar ao lado da família.

"Estou bem. Já voltei para casa. Sou livre, mas não posso falar, por favor compreendam", disse ele ao jornal britânico Guardian.

Ele afirmou ainda ao jornal que não poderia fazer mais comentários sobre sua prisão.

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