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Ainda que a história da União Européia não possa ser transportada para a realidade do Mercosul, há na experiência européia bons exemplos a serem seguidos pelo bloco de Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela.

"A primeira lição é levar o Mercosul como uma vontade política séria. Os interesses ditos nacionais têm de ser ordenados aos interesses coletivos. Aqui parece que os países estão brincando de casinha, ficando de mal, inventando problemas", opina o coordenador do Núcleo de Estudos Europeus da UnB, Estevão Rezende.

Ao tornar atraente o ingresso no bloco, a União Européia conseguiu impor uma agenda democrática aos países candidatos. É o chamado critério de Copenhagen, que requer que todos os estados membros da UE possuam instituições democráticas consolidadas, segurança jurídica, respeito aos direitos humanos e economia de mercado eficiente.

"A grande lição da União Européia é promover uma integração progressiva, sem ser pela força, ao ofertar a possibilidade de um processo de integração não tão desigual", diz Virgílio Arraes, especialista em Mercosul e professor do Instituto de Relações Internacionais da UnB.

Quando Portugal e Espanha entraram para a UE, em 1986, os dois países receberam forte investimento dos países membros. O mesmo acontece agora com os países do Leste Europeu. "Ninguém é bobo de fazer negócio para levar prejuízo. Mas as nações entenderam que os gastos nos países com economia mais fraca traria benefícios, puxaria os demais para cima. Os países novos foram objetos de planos específicos, na área jurídica, financeira, para entrarem no grupo nas melhores condições possíveis", diz Rezende.

"Se Brasil e Argentina quiserem consolidar o Mercosul ou aumentá-lo, as elites desses dois países terão que investir em infra-estrutura, agenda social mínima, direito de minorias éticas, mulheres e crianças", afirma Arraes. Para ele, o argumento de que os países do Mercosul possuem problemas demais dentro de casa e por isso não podem investir em conjunto é falaciosa. "Tem como crescer junto, sim. O que falta é uma visão de grandeza das elites, que acham que não precisam de planejamento de desenvolvimento a longo prazo. A melhor forma de crescer juntos é realizar uma ampliação da infra-esturtura comum", diz.

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