O presidente da Síria, Bashar al-Assad, afirmou nesta quarta-feira (11) para dezenas de milhares de partidários, reunidos em Damasco, que vencerá o "complô" tramado - segundo ele - contra seu regime, contestado por uma revolta que vem sendo reprimida com violência, principalmente em Homs (centro), onde morreu um jornalista francês.
Gilles Jacquier, do canal estatal France 2, foi vítima de um morteiro que caiu sobre um grupo de repórteres, constatou a AFP. Foi o primeiro jornalista ocidental morto no país desde o começo do movimento de protesto no dia 15 de março passado. A França pediu uma investigação e os Estados Unidos "lamentaram" sua morte.
Outras seis pessoas, de nacionalidade síria, morreram na explosão, segundo opositores.
Os jornalistas estavam em Homs para uma cobertura, numa viagem autorizada pelo governo sírio, que limita drasticamente os deslocamentos no país dos profissionais dos meios de informação estrangeiros.
Multidão
Numa de suas raras aparições, Assad falou no centro de Damasco para uma multidão de partidários que agitavam bandeiras sírias, segundo as imagens transmitidas pela televisão estatal.
"Vim para obter um pouco da força transmitida por vocês. Graças a vocês, nunca senti fraqueza", disse o presidente, acompanhado pela esposa, Asma Asad, sorridente e descontraída.
"Sem nenhuma dúvida, venceremos o complô. O complô chega ao fim", afirmou o presidente, elogiando o exército, que participou, com tanques, da repressão ao movimento opositor.
Desde o começo, o regime recusa-se a reconhecer o movimento de revolta, que foi se ampliando mês a mês, e afirma que luta contra "bandos armados terroristas", acusados de semear o caos na Síria.
Na véspera, em discurso transmitido pela televisão, Assad acusou os países estrangeiros de "conspirarem" contra a Síria e prometeu reprimir os "terroristas" com mão de ferro.
Clinton
A secretária americana de Estado, Hillary Clinton, criticou esse discurso que considerou "glacialmente cínico".
"Em vez de reconhecer a própria responsabilidade, só ouvimos desculpas do presidente Assad e acusações a terceiros países", disse Hillary em uma entrevista em Washington.
Assad acusou "atores regionais e internacionais" de "tentarem desestabilizar" o país e os "meios (de comunicação) internacionais de querere incessantemente derrubar a Síria".
As Nações Unidas acreditam que mais de 5 mil pessoas foram assassinadas desde março de 2011 como resposta do governo aos protestos contra o regime em todo o país.
Assad também atacou a Liga Árabe, acusando-a de um comportamento "covarde" por ter suspendido a Síria da organização pan-arabista e ter ditado sanções econômicas.
A Liga Árabe decidiu suspender o envio de observadores à Síria, depois de um ataque contra sua delegação na segunda-feira, afirmou nesta quarta-feira, no Cairo, um dirigente da organização, que pediu para não ter o nome divulgado.
Um de seus membros, o argelino Anuar Malek, anunciou sua demissão, em declarações ao canal Al-Jazeera, acusando o regime de "crimes contra o povo".
A missão árabe vem sendo cada vez mais criticada pela oposição por sua incapacidade de fazer cessar a violência.
Assad comprometeu-se a aplicar reformas e anunciou um referendo sobre uma nova Constituição para o início de março, mas o regime vem sendo desacreditado desde o princípio da revolta, por alternar promessas de reforma e repressão.
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