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Membros da delegação cubana cumprimentam-se após votação recorde que pede fim do embargo | Spencer Platt/AFP
Membros da delegação cubana cumprimentam-se após votação recorde que pede fim do embargo| Foto: Spencer Platt/AFP

A Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou nesta quarta-feira (29) pelo 17º ano consecutivo - e com votação recorde - uma moção pedindo o fim do embargo econômico dos Estados Unidos a Cuba.

A resolução, sem caráter obrigatório, foi aprovada por 185 votos, com 3 votos contra (EUA, Israel e Palau) e duas abstenções (Micronésia e Ilhas Marshall).

A medida não terá qualquer impacto sobre a política do governo de George W. Bush, que no dia 10 havia chamado Cuba de "masmorra" e prometido não suspender o embargo enquanto houver presos políticos na ilha.

Da mesma forma, não se espera que os candidatos na eleição presidencial da semana que vem, Barack Obama e John McCain, abandonem o embargo. Obama, no entanto, é favorável a um afrouxamento parcial.

Desde 1992 a Assembléia Geral aprova anualmente uma moção pró-Cuba. No ano passado, foram 184 votos, com 4 contra e 1 abstenção.

A votação deste ano foi a primeira desde a transferência formal da liderança cubana de Fidel Castro para seu irmão Raúl. O bloqueio econômico norte-americano vigora desde o governo de John Kennedy, na década de 1960, e foi endurecido na administração Bush.

Ao apresentar a resolução, o chanceler cubano, Felipe Pérez Roque, disse que o embargo é "um bloqueio injusto e ilegal", e que 70 por cento dos cubanos passaram a vida inteira "sob esta política irracional e inútil" - a qual, lembrou ele, já estava em vigor quando Obama nasceu.

O próximo presidente, disse Pérez Roque, "deve decidir se vai admitir que o bloqueio é uma política fracassada...ou se persiste, com teimosia e crueldade, para tentar derrotar o povo cubano por meio da fome e da doença".

O diplomata norte-americano Ronald Godard disse que o embargo foi "cuidadosamente projetado para permitir que o povo cubano tenha acesso a alimentos e bens humanitários, mas para limitar a capacidade do governo repressivo de Cuba em se beneficiar e consolidar seu poder por meio do controle autoritário sobre a economia cubana".

Godard disse que Havana rejeitou três ofertas de ajuda depois dos furacões deste ano e ignorou uma quarta, demonstrando "a falta de interesse do regime dos Castros com o bem-estar da sua própria gente".

Cuba, segundo o diplomata, preferiu "prolongar seu sofrimento como pretexto para propor resoluções como a que votamos hoje".

Pérez Roque respondeu que Cuba não poderia aceitar "a suposta assistência daqueles que intensificaram o bloqueio".

O embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, disse que o bloqueio é "uma pressão grosseira dos Estados Unidos da América contra um Estado soberano" e "um remanescente dos dias da Guerra Fria".

Mas, assim como no passado, aliados dos EUA na Europa e em outras regiões também votaram contra a resolução, contestando o princípio de que uma lei norte-americana possa ter um impacto extraterritorial.

Falando em nome da União Européia, o diplomata francês Jean-Pierre Lacroix disse que o embargo contraria "as regras comumente aceitas do comércio internacional", e que a UE aceita a resolução apesar de condenar as práticas cubanas no campo dos direitos humanos.

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