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Defensores da liberdade de expressão e associações internacionais de mídia criticaram nesta quarta-feira a decisão da Justiça equatoriana de condenar dois jornalistas ao pagamento de US$ 1 milhão cada ao presidente Rafael Correa por danos morais. Para os grupos internacionais, Juan Carlos Calderón e Christian Zurita são alvos de uma perseguição política, depois que publicaram um livro ("El Gran Hermano") em que relatam como Fabricio Correa, irmão do presidente, teria se beneficiado de contratos com o governo.

"Este é um golpe quase mortal para o jornalismo investigativo no país, e prejudica uma das funções básicas do jornalista, que é fiscalizar as ações do governo", disparou Claudio Paolillo, membro do comitê executivo da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP).

"Isso vai inibir outros jornalistas a realizarem mais investigações. E mostra que, no país, a liberdade de imprensa já deixou de existir."

Por sua vez, a Pen Internacional, que reúne escritores e jornalistas de todo o mundo, expressou sua "preocupação pelo estado da liberdade de expressão no Equador", e exortou Correa a desistir de uma outra ação na Justiça, desta vez contra três diretores e um ex-editor do jornal "El Universo" por injúria. Na quarta-feira, Emilio Palacio, ex-editor do "El Universo" e condenado a três anos de prisão, formalizou o pedido de asilo em Miami, para onde fugiu em agosto passado "para escapar de uma campanha de acosso e perseguição comandada por Correa", como afirmou às autoridades americanas.

Os jornais equatorianos "El Comercio" e "Hoy" também protestaram contra a decisão judicial em seus editoriais.

"Apesar de a juíza argumentar que os jornalistas não têm direito de denunciar um fato sem a verificação de um organismo de controle, a prática jornalística costuma revelar aquilo que o poder quer esconder. Com a liberdade de expressão seriamente ameaçada e com julgamentos contra a mídia e jornalistas não se constrói democracia", escreveu o "El Comercio".

Segundo o jornal, Correa afirmou que perdoaria os jornalistas caso eles "reconhecessem ter mentido". O advogado de Calderón e Zurita, no entanto, disse que seus clientes não vão ceder. Eles pretendem apelar em todas as instâncias, até obterem um veredicto favorável. Em último caso, estariam dispostos a recorrer à Organização dos Estados Americanos (OEA).

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