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Bobi Wine tira fotos com fãs em restaurante | Twitter/
Bobi Wine
Bobi Wine tira fotos com fãs em restaurante| Foto: Twitter/ Bobi Wine

O presidente de Uganda, Yoweri Museveni, tem superado desafios eleitorais, protestos de rua e rebeliões violentas durante suas três décadas no poder. Seu mais novo inimigo é um pop-star conhecido como Bobi Wine.

Robert Kyagulanyi, 36 anos, representa a mais séria ameaça até agora a Museveni, 74, que chegou ao poder em 1986. Eleito para o parlamento no ano passado, a estrela do reggae, que é conhecida como o "presidente do gueto", mantém um fluxo constante de críticas e protestos ao atual líder. É uma postura que culminou no mês passadi com sua prisão, alegações de espancamento e acusação de traição. 

Apesar de pressionar a oposição ser um fenômeno constante no país africano, a detenção de Kyagulanyi está estimulando a juventude de Uganda. Muitos deles se uniram aos protestos na capital, Kampala, e em outras cidades.

Idade é fator crucial

A idade pode ser um ponto de pressão no país do Leste africano que tem a segunda população mais jovem do mundo, mas um dos líderes mais antigos e com mais tempo no poder. "A questão da idade é decisiva para Museveni nas próximas eleições", disse Jared Jeffery, analista da NARC African Economics. "Sua imagem definitivamente está comprometida." 

Museveni, um dos principais aliados dos EUA na região, já aprovou a eliminação de um limite de idade para os candidatos à presidência. Isto é crucial para que possa disputar a votação em 2021. E enquanto suas forças de segurança reprimem os adversários, ele está polindo suas credenciais como um velho sábio - chamando os jovens como seus "netos" - e como um lutador. Sua filha, neste ano, ano produziu '27 Guns ', um filme recriando seus dias como líder guerrilheiro. 

Após a destituição do presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, no ano passado, apenas Teodoro Obiang Nguema, da Guiné Equatorial, Denis Sassou Nguesso, da República do Congo, e Paul Biya, de Camarões, permanecem no poder por períodos comparáveis aos de Museveni na África subsaariana. 

"Sabemos que você lutou em uma guerra civil, mas imagine que uma criança que não era nascida quando você chegou também se tornou um pai", cantou Bob Wine na música “Freedom”, de 2017. "Alguém nos ajude a dizer a esse velho que não é bom insistir para seguir como líder.” 

Kyagulanyi e outros políticos da oposição foram presos em meados de agosto no Noroeste de Uganda, depois que partidários de um candidato que apoiavam supostamente atiraram pedras contra um comboio em que Museveni esteve. Bob Wine foi inicialmente acusado em um tribunal militar por porte ilegal de armas. 

A acusação foi retirada, mas Kyagulanyi foi acusado de traição no dia 23 por suposta "intenção de causar dano" a Museveni. Os advogados descrevem o caso como sendo politicamente motivado. Grupos de direitos humanos exortaram Uganda a abandonar as acusações. O cantor foi libertado sob fiança na segunda-feira. 

Museveni também usa a música para encantar a população. Em 2010, ele lançou uma música de rap, 'U Want Another Rap', que ele cantou nos comícios para a eleição do ano seguinte e que se tornou um improvável sucesso local. A mesma estratégia foi usada em 2016. 

Enquanto Museveni, muitas vezes é fotografado em uniformes militares, acusa Kyagulanyi de fomentar o caos, o músico diz que o presidente está se distanciando da juventude. O censo mais recente de Uganda mostra que 68% da população, agora estimada em 40 milhões, tem menos de 24 anos, de acordo com as Nações Unidas. 

Impactos externos

A reação violenta aos protestos pode fazer com autoridades estatais possam receber sanções dos EUA sob o Ato Magnitsky, informou a DaMina Advisors LLP em uma nota por e-mail. A medida permite que o governo dos EUA estabeleça punições indivíduos, empresas ou outras entidades envolvidas em corrupção ou abusos dos direitos humanos. 

Museveni é experiente em neutralizar a oposição. Em 2011, forças de segurança reprimiram manifestações depois da prisão de Kizza Besigye, um ex-aliado do presidente de Uganda que acabou indo para a oposição. 

O presidente também tem sufocado seus oponentes por meio de clientelismo, coerção e intimidação, afirma Godber Tumushabe, diretor-executivo do Great Lakes Institute for Strategic Studies, com sede em Kampala. Mas, com a dissidência furiosa mostra que as eleições não serão fáceis. “Os anos das eleições até 2021 serão os mais difíceis desde que o presidente chegou ao poder", disse Jeffery.

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