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Os astronautas da missão Discovery contaram que ficaram apreensivos com o plano de uma arriscada caminhada espacial para consertar o revestimento antitérmico da parte inferior da nave, mas que concordaram em fazer o conserto porque acham que não será tão complicado assim.

O passeio espacial de emergência, marcado para quarta-feira, não tem precedentes. Será a primeira vez que uma tripulação vai consertar em órbita o exterior de um ônibus espacial para tentar assegurar seu retorno em segurança. E nunca um astronauta aventurou-se pela parte inferior deste tipo de espaçonave.

Na Nasa e em órbita, os preparativos continuam, numa série de ensaios e testes que lembra a empreitada para trazer de volta a missão Apollo XIII.

A caminhada, que já tem lugar assegurado na história das viagens espaciais, será feita pelo americano Steve Robinson. Ele vai sair do Discovery, aventurando-se pela parte inferior lisa e escura da nave, para tentar remover dois pedaços de tecido especial que se desprenderam das placas térmicas isolantes e estão pendurados. Os pedaços protuberantes de tecido são pequenos - têm 2,5 centímetros de comprimento - mas a Nasa teme afetem a aerodinâmica da nave e peguem fogo no retorno da nave à Terra, quando ônibus espacial é sujeito a altíssimas temperaturas. Segundo a Nasa, a irregularidade não está relacionada com o choque de um pedaço de espuma que se soltou do tanque durante o lançamento - num episódio que fez lembrar o problema que levou ao desastre do Columbia.

- Como a maioria dos consertos, é conceitualmente muito simples, mas tem que ser feito com muito, muito cuidado - disse Robinson, durante uma entrevista coletiva nesta manhã.

As placas antitérmicas podem suportar as temperaturas extremas da reentrada da nave na atmosfera, mas quebram-se facilmente no manuseio. Por isso, na prática, a tentativa de conserto pode criar um defeito ainda mais grave.

Robinson disse que sua principal preocupação é não bater com o capacete acidentalmente nas placas cerâmicas.

- As placas, como sabemos, são frágeis, e um tripulante lá fora é uma bagunça e tanto - disse Robinson. - A coisa a que mais vou prestar atenção é o topo do meu capacete, porque vou estar inclinado na direção da nave. Então, é com isso que vou ter mais cuidado.

Esta é a primeira missão espacial tripulada da Nasa desde o desastre do Columbia, quando um problema no isolamento térmico detectado e subestimado pela agência levou a nave a desintegrar-se na reentrada da atmosfera, em 1º de fevereiro de 2003.

Robinson já fez duas caminhadas espaciais nessa missão, ao lado do japonês Soichi Noguchi. Ele chegará à barriga do Discovery preso a um braço robótico de 15 metros.

Os astronautas reconheceram que, inicialmente, tiveram reservas quando foram informados da necessidade do reparo e de como ele deveria ser feito. Mas concordaram depois, porque o conserto pareceu-lhes simples.

- Acho que vários de nós tivemos, sim, alguns receios. Estávamos preocupados com as implicações disso e com o que estava motivando (a decisão) - disse o australiano Andy Thomas.

- É muito limítrofe - acrescentou o especialista de missão Charles Camarda. - Achamos que é uma caminhada espacial muito simples, se tudo sair bem.

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