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Manifestante pró-Kadafi segura um cartaz em frente ao local onde o bombardeio da Otan matou o filho e três netos do ditador | Louafi Larbi/ Reuters
Manifestante pró-Kadafi segura um cartaz em frente ao local onde o bombardeio da Otan matou o filho e três netos do ditador| Foto: Louafi Larbi/ Reuters

Ditador volta a bombardear Misrata

Da Redação, com agências

O ataque à família de Kadafi parece não ter abalado o ímpeto do ditador líbio. Na noite de ontem, forças favoráveis ao ge­­neral atacaram o porto de Misrata. A cidade rebelde que é a terceira maior do país já havia sido atingida durante a tarde. Pelo menos duas pessoas morreram nessas ações.

O porto é essencial para o abastecimento da cidade de Misrata, cercada há dois meses pelas tropas do governo e que teve todos os acessos terrestres cortados. Segundo informações locais, dezenas de foguetes a atingiram, destruindo principalmente a entrada principal patrulhada por combatentes rebeldes. Durante a tarde, os soldados leais a Kadafi bombardearam as imediações do aeroporto, onde os principais combates foram travados nos últimos dias.

Civis

Centenas de refugiados africanos que aguardavam sua retirada estavam próximos do porto, em um campo onde vários deles estão há semanas. Embarcações com ajuda humanitária, principalmente um navio da Organização Internacional para as Migrações (OIM) deviam embarcar cerca de 900 destes refugiados, próximo ao horário dos bombardeios. Não há informações sobre essas pessoas.

Os funerais de um dos filhos e de três netos do líder líbio Mu­­amar Kadafi, mortos no sábado em um ataque aéreo da Otan em Trípoli, serão realizados hoje, em meio a discussões internacionais sobre a legalidade da ação militar. Na noite de sábado para domingo, Mussa Ibrahim, porta-voz do governo, anunciou que a casa de Saif al-Arab, filho mais novo do líder líbio, havia sido "atacada com potentes meios". Na operação, morreram, além do filho, de 29 anos, os netos de Kadafi Saif, 2, Carthage, 2, e Mastura, 4 meses.

O porta-voz denunciou ainda "uma operação visando a assassinar diretamente o ditador do país", acrescentando que "o Guia [Kadafi] e sua esposa estavam na casa", mas não ficaram feridos. Após este ataque aéreo contra alvos próximos a Kadafi, a Otan ficou na defensiva contra acusações de que estaria infringindo seu mandato ao tentar matar o líder da Líbia.

A Rússia disse que o bombardeio à casa do filho mais novo de Kadafi levanta "sérias dúvidas" sobre as declarações da Otan de que não tem como alvo Kadafi ou seus parentes. "O uso desproporcional da força está levando a consequências desfavoráveis e à morte de civis inocentes", alertou o ministério de Relações Exteriores da Rússia. A lei internacional não proíbe explicitamente ataques contra comandantes militares em tempos de guerra, mas a determinação do Conselho de Segurança da ONU autorizando a ação da Otan encarrega as forças aliadas de estabelecer um zona de restrição aérea e de proteger civis dos ataques.

Rússia, China e Brasil, que são membros do Conselho de Segurança, alertaram que as tentativas de mudar o regime ou eliminar seus membros seriam uma violação do mandato concedido à Otan.

Representantes e líderes das forças aliadas negaram enfaticamente que estivessem perseguindo Kadafi com o objetivo de romper o impasse na guerra entre as forças de governo mais bem treinadas e os rebeldes fracamente armados. "Todos os alvos da Otan são militares por natureza e estavam claramente ligados aos ataques sistemáticos do regime de Kadafi contra a população líbia. Não visamos civis", disse o general canadense Charles Bouchard, que comanda as operações da Otan na Líbia. Ele afirmou que o ataque da Otan era parte da estratégia da organização de desestabilizar e destruir "o comando e o controle dessas forças que têm perseguido civis".

O diretor do Instituto Royal United Services, especializado em ações militares, Michael Clarke, destacou que os aviões da Otan mudaram seu foco nas últimas duas semanas, concentrando-se mais em centros de comunicação e militares do governo do que no apoio aos rebeldes nas linhas de frente.

O objetivo imediato dessa mudança de estratégia parece ser o de prejudicar a capacidade de Kadafi de dirigir unidades que cercam o enclave de Mis­­rata ou a costa mediterrânea, onde forças pró-regime têm sofrido uma série de revezes, disse Clarke. Outro objetivo pode ser aumentar a pressão psicológica sobre Kadafi e pessoas próximas ao ditador, ao mostrar que "a guerra está se aproximando deles", acrescentou o especialista.

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