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A “princesa” Cho Hyun-Ah: demissão não a redimiu | News 1/Reuters
A “princesa” Cho Hyun-Ah: demissão não a redimiu| Foto: News 1/Reuters
  • O patriarca Cho Yang-ho: ostentação e poder ilimitado

Quando os sul-coreanos ouviram falar que uma executiva da Korean Air Lines atrasou um voo porque as macadâmias que a comissária serviu a ela estavam numa embalagem, e não num prato, houve indignação, mas nenhuma surpresa. Para muitos, foi apenas o mais recente exemplo do comportamento que se espera das famílias que compõem a elite empresarial dinástica da Coreia do Sul e domina a economia.

No incidente apelidado de "fúria das nozes", Cho Hyun-Ah, diretora do departamento de serviço de cabine e filha do presidente da empresa, pediu que um membro da tripulação se retirasse do avião, forçando a aeronave a voltar para o portão no aeroporto John F. Kennedy, em Nova York.

Em meio à tempestade de críticas, Cho demitiu-se do cargo na terça-feira, mas permaneceu como executiva da companhia aérea. A decisão continuou a ser considerada polêmica e Cho apresentou uma carta de demissão para abandonar todos os seus cargos na quarta-feira.

A Korean Air defendeu as ações como uma tentativa "natural" de melhorar o atendimento ao cliente. No entanto, para um público que perdeu a paciência com a impunidade e com "dois pesos e duas medidas", essa foi uma clara exibição de abuso de poder. A mídia local passou a chamá-la de "princesa".

Família problema

A família de Cho tem um histórico quando se trata de aparecer nas manchetes da Coreia do Sul. Cho, de 40 anos, também conhecida como Heather Cho, é casada com um conhecido cirurgião plástico, que trabalha em Gangnam, um distrito de Seul famoso por suas clínicas de cirurgia plástica.

Em 2013, ela deu à luz gêmeos. Seus filhos nasceram no Havaí, o que conferiu aos meninos a cidadania norte-americana. A Korean Air enviou Cho para trabalhar nos EUA dois meses antes da data prevista para o parto. Na Coreia do Sul, o fato provocou indignação, já que acredita-se que a mudança tenha sido articulada para que os filhos de Cho não tenham de prestar os dois anos de serviço militar, obrigatório para homens sul-coreanos saudáveis.

O irmão de Cho, Won-Tae, de 38 anos, foi investigado pela polícia em 2005 por empurrar uma mulher idosa, que o confrontou por ele dirigir de forma imprudente. Já o patriarca da família, Cho Yang-ho, de 65 anos, foi condenado por evasão fiscal em 2000, assim como seu pai e seu irmão.

O incidente das nozes, no entanto, atingiu uma importância especial por acontecer num momento em que a crescente desigualdade e questões de segurança estão cada vez mais na cabeça dos sul-coreanos.

Há também crescentes apelos para que os trabalhadores da indústria recebam tratamento melhor. Em um fórum on-line usado por pilotos da Korean Air, há uma série de reclamações sobre o comportamento da família Cho no que diz respeito à gestão da companhia aérea. A Korean Air também é famosa por baixos salários e pesadas escalas para os pilotos.

Ostentação

Na Coreia do Sul, costumava-se respeitar as famílias que fundaram conglomerados industriais que ajudaram a modernizar o país e a torná-lo rico. Mas hoje em dia há cada vez mais críticas a respeito da ostentação de riqueza e ao poder ilimitado dessas pessoas. As críticas são particularmente dirigidas à mais nova geração, que herdou os impérios empresariais fundados por seus pais e avós.

Cho e seus dois irmãos chegaram rapidamente a cargos executivos na empresa e em suas afiliadas. A família de Cho, por meio de seu conglomerado Hanjin, tem controlado as linhas da Korean Air desde 1969. A participação direta da família na companhia é de apenas 10%, mas propriedades cruzadas entre as companhias do grupo Hanjin, dão aos Cho o controle efetivo da empresa.

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