• Carregando...

Uma militante escondida entre civis que fugiam de uma zona de guerra provocou uma explosão suicida que matou pelo menos 28 pessoas e deixou 90 feridos na segunda-feira (9) no Sri Lanka, segundo os militares.

O atentado ocorreu perto de Vishvamadu (norte), uma localidade recentemente capturada pelos militares em sua luta de 25 anos contra a guerrilha separatista Tigres da Libertação do Tâmil Eelam (TLTE), conhecida como Tigres do Tâmil.

Num momento que parece ser de preparação para um duelo final, o incidente mostra a dificuldade do Exército em separar civis de militantes. Autoridades disseram que a mulher-bomba estava em um grupo de pessoas submetidas a uma revista.

"Dois oficiais e 18 outros (de menor patente) do Exército foram mortos, dois oficiais ficaram feridos e 48 outros ficaram feridos. Oito civis morreram e 40 ficaram feridos. Muitos são mulheres e crianças", disse o general-de-brigada Udaya Nanayakkara, porta-voz do Exército.

Na última semana, houve um repentino aumento do número de civis que fogem dos combates entre o Exército e o encurralado Tigres do Tâmil. Dos 21.627 refugiados contabilizados neste ano pelo Exército, pelo menos 17.300 se mobilizaram desde quinta-feira passada.

Mais de 50 mil soldados se concentram em uma faixa de floresta no nordeste da ilha, onde pretendem esmagar os cerca de 2.000 remanescentes da guerrilha.

"Estamos tentando salvar o povo tâmil, mas o TLTE não nos permite fazê-lo, e eles explodiram uma bomba suicida entre civis", disse o ministro da Mídia, Anura Priyadarshana Yapa, à Reuters.

O governo e ONGs humanitárias acusam o grupo de reter civis nas zonas de guerras, para usá-los como escudos humanos, recrutas ou em trabalhos braçais.

Os rebeldes alegam que na verdade o povo tâmil não quer abandonar a guerrilha, e acusam o governo de atingir civis propositalmente - o que os militares negam.

O coronel indiano R. Hariharan, que comandou o serviço de inteligência das tropas de paz indianas que estiveram no Sri Lanka entre 1987 e 90, disse que a demora dos civis em deixarem a zona de conflito está retardando a ofensiva final do governo.

"É uma medida desesperada. Os refugiados estão escapando ao controle do TLTE, então essa enxurrada (de refugiados) continuará. Foi uma espécie de tratamento de choque", disse Hariharan, que falou à Reuters por telefone da cidade indiana de Chennai.

O Tigres do Tâmil tem um esquadrão de elite, os "Tigres Negros", que se dedica a missões suicidas e a outros ataques de difícil execução. Esse esquadrão habitualmente se mescla à população civil para realizar ataques-surpresa, especialmente contra alvos militares.

Analistas dizem que o grupo manterá esse tipo de guerrilha depois que os militares capturarem os 175 quilômetros quadrados ainda ocupados pelo grupo. O comandante do Exército diz que sua tropa está preparada para a invasão.

O Tigres do Tâmil é considerado um grupo terrorista por EUA, União Europeia e Canadá, especialmente pelo emprego dos atentados suicidas.

Acredita-se que o grupo tenha inventando o colete suicida (recheado com explosivos) e desenvolvido uma cultura do martírio. Todos os combatentes levam uma cápsula de cianureto presa ao pescoço, indicando a intenção de não se renderem caso sejam capturados.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]