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Três pessoas foram mortas e 24 ficaram feridas em dois ataques quase simultâneos realizados contra delegacias da Argélia por meio de caminhões-bomba, afirmou a polícia do país na segunda-feira.

Segundo testemunhas, esses foram os atentados mais sofisticados realizados por rebeldes islâmicos nos últimos anos.

As explosões aparentemente coordenadas, ocorridas à noite na cidade de Reghaia, 30 quilômetros a leste da capital, e em Dergana, um subúrbio do leste de Argel, foram os primeiros atentados a bomba contra delegacias do país em mais de cinco anos. A Argélia é o segundo maior país da África.

A polícia disse que as três pessoas (dois homens e uma mulher) mortas eram civis e que veículos roubados tinham sido utilizados nos ataques. O atentado de Reghaia aconteceu às 23h55m (19h55m de domingo), e o de Dergana, três minutos depois.

Ninguém assumiu a autoria dos ataques, mas especialistas, moradores da Argélia e membros das forças de segurança culparam o Grupo Salafista para a Oração e o Combate (GSPC), o maior do país. A organização vem se recusando a iniciar negociações de paz com o governo e anunciou, em setembro, ter ingressado na Al-Qaeda.

A explosão de Reghaia deixou parte do prédio de dois andares queimada, abriu um buraco de um metro de profundidade na rua, destruiu janelas em um espaço de vários quarteirões e atirou pedaços do caminhão a uma distância de até 100 metros. Um total de 18 carros ficou queimado.

Em Dergana, a carcaça retorcida do caminhão-bomba podia ser vista do lado de fora da delegacia, que ficou menos danificada que uma casa particular próxima cujo muro dianteiro ruiu.

- Achei que fosse um bombardeio [de artilharia]. Meus filhos estavam dormindo quando ouviram o barulho. Eles continuam em choque - afirmou um morador.

Combates esporádicos entre a guerrilha islâmica e as forças de segurança da Argélia costumam acontecer em áreas rurais isoladas desse país de 33 milhões de habitantes que exporta petróleo e gás.

Há bastante tempo em decadência, o GSPC ainda continua a ser uma ameaça no leste de Argel e no deserto do Saara (sul do país) devido a suas ligações com grupos criminosos e à sua tática de atuar em territórios pouco habitados, o que restringe a ação dos serviços de inteligência, dizem especialistas.

Moradores de Reghaia e Dergana afirmaram que os dois ataques envolveram duas equipes e seguiram o mesmo padrão: nos dois casos, os atentados começaram com a ação de homens disparando fuzis na entrada dos prédios.

Em meio aos disparos, os agressores estacionaram os caminhões carregados com explosivos ao lado dos prédios e depois fugiram em carros antes de detonar as cargas, usando, aparentemente, um dispositivo de controle remoto.

No caso de Reghaia, os homens responsáveis por realizar os disparos com armas de fogo também atiraram uma granada.

Os militantes islâmicos deram início a uma revolta armada em 1992 depois de autoridades argelinas, com o apoio das Forças Armadas e temendo uma revolução islâmica como a ocorrida no Irã, terem anulado as eleições parlamentares que seriam vencidas por um partido islâmico, a Frente Islâmica de Salvação (FIS).

Até 200 mil pessoas foram mortas na onda de violência que se seguiu. O número de ataques e combates diminuiu bastante nos últimos anos.

Lies Boukraa, um especialista na insurgência, disse à Reuters que os atentados gêmeos provavam que o GSPC havia conseguido implementar uma estratégia para pressionar o governo apesar de ser atacado constantemente pelas forças de segurança.

- A pulverização dos grupos armados em pequenos grupos impediu os serviços de inteligência de terem acesso a eles - afirmou. - Acredito que, no curto prazo, haverá um aumento no número de atentados terroristas.

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