• Carregando...
Imagem de um vídeo divulgado pela agência de propaganda do Estado Islâmico mostra homens que supostamente realizaram uma série de explosões suicidas no domingo de Páscoa no Sri Lanka | Foto: AMAQ/AFP
Imagem de um vídeo divulgado pela agência de propaganda do Estado Islâmico mostra homens que supostamente realizaram uma série de explosões suicidas no domingo de Páscoa no Sri Lanka | Foto: AMAQ/AFP| Foto:

O Estado Islâmico (EI) reivindicou nesta terça-feira (23) a autoria do atentado que deixou pelo menos 350 mortos e mais de 500 feridos no Domingo de Páscoa, no Sri Lanka. Especialistas em terrorismo afirmam que os ataques fazem parte de uma nova tática do EI para reconquistar relevância após as derrotas na Síria e no Iraque: aliar-se a pequenos grupos regionais para ganhar terreno no Oriente Médio e na Ásia e estimular conflitos em países com presença muçulmana.

O governo do Sri Lanka confirmou que as investigações mostraram que o grupo Thowheeth Jamaath Nacional (NTJ, na sigla em inglês) está por trás dos ataques e tem vínculos com um desconhecido movimento islamista radical da Índia, o Jamaat-ul-Mujahideen India (JMI). O NTJ é considerado um grupo marginal extremista dentro de uma pequena minoria religiosa. Só 9,7% da população do Sri Lanka, de cerca de 21 milhões de pessoas, são muçulmanos, diante da maioria budista de 70%.

Acredita-se que o NTJ tenha sido criado há cerca de três anos, após um grupo de jovens muçulmanos radicais se separar de outro grupo islâmico extremista, o Thowheed Jamath do Sri Lanka. Segundo especialistas em contraterrorismo, desde então, sua base de operações foi instalada no leste do país, distante da costa ocidental mais cosmopolita. Já o JMI seria uma dissidência de um grupo terrorista com o mesmo nome, formado em Bangladesh, em 2015, que pretende instaurar o domínio islâmico na região.

Grupos tão jovens e inexperientes não conseguiriam cometer um ataque da magnitude do realizado no domingo. "Jovens muçulmanos do Sri Lanka lutaram para o EI nas guerras na Síria e no Iraque e, como o grupo perdeu seus últimos bastiões no Oriente Médio, muitos combatentes voltaram a seus países", disse ao jornal Guardian Alan Keenan, diretor para o Sri Lanka da ONG International Crisis Group. "É exatamente este modo operacional do EI: formar alianças com grupos extremistas locais e cometer atentados, dividir para conquistar."

O Estado Islâmico tem os motivos e os meios para ajudar a promover ataques como o do Sri Lanka. Extremistas novatos como os da NTJ precisariam de ajuda significativa para montar uma operação tão complexa.

Terceirização

O EI criou um modelo parecido com o já usado pela Al-Qaeda: a terceirização do terrorismo para franquias locais, com apoio logístico e operacional. Foi o que aconteceu em Bangladesh, em 2016 e 2017, e nas Filipinas, em 2016, quando jihadistas locais usaram apoio logístico do EI para promover atentados.

A estratégia também indica uma nova tendência dos grupos jihadistas sunitas, principalmente do EI. Por décadas, o jihadismo sunita se caracterizou pelo terrorismo transnacional e por ataques suicidas. Esses pilares não parecem ser tão firmes como antes. Segundo analistas, a transformação está ocorrendo em vários países, incluindo Afeganistão, Iêmen, Mali, Bangladesh e Filipinas.

A Jabhat al-Nusra, braço da Al-Qaeda na Síria, é um exemplo. Em 2016, o grupo montou um longo manual de treinamento para seus novos recrutas. No livro de aproximadamente 200 páginas, eles discutem os méritos da jihad sob um prisma nacional, em detrimento da jihad global. "Os extremistas sunitas estão mudando de rumo, afastando-se da agenda global que atingiu sua apoteose no ataque da Al-Qaeda ao World Trade Center, e em direção a um modelo hiperlocal", escreveu na Atlantic o sírio Hassan Hassan, analista de Oriente Médio e autor do livro ISIS: Inside the Army of Terror (Isis, por dentro do Exército do terror).

"A tendência do grupo é esta: depois de perder o território conquistado na Síria e no Iraque e ver seu império dizimado, aciona sua extensa rede internacional de simpatizantes para promover múltiplos ataques".

As informações são do jornal Estado de S. Paulo e de agências internacionais.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]