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Os restos de um carro supostamente usado por homens armados que atacaram um ônibus que transportava cristãos coptas no Egito. O Estado Islâmico assumiu a responsabilidade do ataque | MOHAMED EL-SHAHED / AFP
Os restos de um carro supostamente usado por homens armados que atacaram um ônibus que transportava cristãos coptas no Egito. O Estado Islâmico assumiu a responsabilidade do ataque| Foto: MOHAMED EL-SHAHED / AFP

Atiradores supostamente do Estado Islâmico abriram fogo contra um ônibus que transportava fiéis para um remoto mosteiro cristão copta no norte do Egito nesta sexta-feira (2), matando pelo menos oito pessoas e ferindo 14, disseram um importante líder religioso e autoridades locais. 

“Terroristas abriram fogo contra um ônibus que transportava pessoas”, disse o arcebispo copta cristão Makarious, de Minya, uma cidade a cerca de 240 quilômetros ao sul do Cairo, em uma entrevista por telefone. Os peregrinos, disseram os líderes da comunidade, estavam retornando de uma visita ao Mosteiro de São Samuel, o Confessor, em uma parte remota do deserto ocidental do Egito. 

Na noite de sexta-feira, o braço do Estado Islâmico do Egito, que prometeu atacar a minoria de cristãos coptas da nação, reivindicou a responsabilidade pelo ataque através de seu serviço de notícias Amaq. Foi o primeiro ataque reivindicado pelo grupo militante este ano fora do norte do Sinai, onde o grupo está lutando contra as forças de segurança egípcias. 

A violência de sexta-feira acontece mais de um ano depois de um ataque semelhante a peregrinos cristãos que viajavam para o mesmo mosteiro. Em maio de 2017, homens armados atacaram ônibus que transportavam fiéis, deixando pelo menos 28 pessoas mortas. Desde dezembro de 2017, quando houve o último grande ataque a cristãos, tem havido uma relativa calma na comunidade copta. O ataque de sexta-feira, muitos temem, poderia sinalizar o lançamento de outra campanha mortal pelo Estado Islâmico contra os cristãos. 

Nesta sexta-feira, o presidente Abdel Fatah al-Sissi procurou acalmar as preocupações de uma comunidade que o apoiou firmemente, mesmo quando estavam sob o ataque de extremistas islâmicos nos últimos dois anos. Autoridades e analistas egípcios veem a mira do Estado Islâmico sobre os cristãos como um esforço para se expandir além da sua tradicional arena de operações no norte do Sinai e fomentar divisões religiosas entre os egípcios. 

“Eu lamento com profundo pesar os mártires que foram mortos hoje por mãos traiçoeiras que visam minar o tecido sólido da nação, e desejo rápida recuperação para os feridos”, disse Sissi em um comunicado. “Eu confirmo nossa determinação em continuar nossos esforços para combater o terrorismo sombrio e prender os culpados”. 

O número de mortos nesta sexta-feira poderia ter sido muito maior. Havia vários veículos que transportavam peregrinos cristãos, mas os militantes atacaram dois ônibus, disse o bispo Aghathon Tala'at, um líder comunitário cristão. Um ônibus escapou quando o motorista desviou para outra estrada. Mas o segundo ônibus, com pelo menos 20 passageiros, foi parado pelos militantes, que estavam em dois SUVs, disse Tala'at em uma entrevista por telefone. 

“Vários homens mascarados saíram deles, pegaram os celulares dos passageiros, atiraram e mataram todos os homens”, disse Tala'at, que é o bispo de Maghagha, uma cidade próxima com um hospital onde muitos dos feridos foram tratados. “Eles usavam uniformes militares, me disseram os sobreviventes”. 

Imagens do ônibus compartilhadas nas mídias sociais mostram uma cena sangrenta, incluindo uma criança ferida. Os assassinatos no estilo de execução repetem esse ataque em maio de 2017, no qual homens armados, também vestidos com uniformes, mataram algumas vítimas com tiros na cabeça. 

Desde 2016, homens-bomba do Estado Islâmico no Egito têm alvejado igrejas no Cairo, Alexandria e Tanta, matando várias pessoas. No mês passado, um tribunal militar egípcio sentenciou à morte 17 pessoas condenadas por esses ataques. Os réus foram acusados de pertencer ao Estado Islâmico e de orquestrar os ataques à comunidade cristã, que compõem cerca de 10% da população. 

Os ataques do Estado Islâmico levaram o governo de Sissi a lançar uma grande operação militar neste ano na turbulenta província do norte do Sinai, no Egito, a fortaleza dos militantes. Uma onda de militância islâmica permeou o país desde que os militares derrubaram o ex-presidente eleito Mohamed Morsi e a subsequente repressão aos partidários da Irmandade Muçulmana, o partido dele. 

O Estado Islâmico também tem como alvo os muçulmanos sufis, que os grupos consideram hereges. Em novembro de 2017, militantes atacaram uma mesquita sufi no norte do Sinai, matando mais de 300 fiéis. Foi o ataque terrorista mais mortífero da história moderna do Egito. 

Após cada ataque à comunidade cristã, as forças de segurança do Egito reforçam a segurança em torno de igrejas e outros locais sagrados em todo o país. Mas a violência de sexta-feira foi um indicador para muitos de que tais medidas não funcionaram. 

Depois do ataque, disse Tala'at, algumas pessoas saíram às ruas para protestar e bloquearam uma estrada, exigindo melhor segurança para sua comunidade. A área remota no deserto ocidental, onde grupos militantes há muito atacam as forças de segurança egípcias, tem sinal fraco para celulares e estradas não pavimentadas, muitas vezes sem iluminação. 

“Tem que haver uma solução de segurança”, disse Tala'at. “A estrada não está bem pavimentada, não há iluminação suficiente e também não há rede de celular. Por isso, ela é um alvo”.

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