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Manifestantes protestaram pela libertação do ativista indiano Anna Hazare | Reuters
Manifestantes protestaram pela libertação do ativista indiano Anna Hazare| Foto: Reuters

A polícia determinou nesta terça-feira a libertação de um ativista que havia mobilizado enormes manifestações na Índia ao ser detido por planejar uma greve de fome contra a corrupção.

Anna Hazare, de 74 anos, havia sido preso horas antes, o que causou indignação nos partidos de oposição e motivou protestos espontâneos em cidades de toda a Índia.

Sempre com seu habitual traje de camisa branca, boné branco e óculos semelhantes ao do herói nacional Mahatma Gandhi, Hazare vem arrebanhando a admiração de muitos indianos fartos da corrupção no país, que tem a terceira maior economia da Ásia.

Um assessor de Hazare que também havia sido detido disse a jornalistas que o militante se nega a deixar a prisão enquanto não obtiver autorização governamental para prosseguir sua greve de fome num parque da capital.

A polícia também determinou a libertação de cerca de 1.500 simpatizantes de Hazare que haviam sido detidos em Délhi ao desafiar uma proibição à realização de protestos.

A libertação de Hazare e de seus seguidores pode sinalizar uma divisão dentro do governo a respeito de como lidar com o popular ativista.

A prisão de Hazare havia levado multidões a atacar barricadas policiais e a realizar protestos na frente da penitenciária de Tihar, do Parlamento e do monumento conhecido como Portão da Índia.

'Um homem tem o direito de jejuar. Gandhi jejuou apesar de todos lhe dizerem para não fazer isso ... Nem mesmo o governo (colonial) britânico o impediu', disse o influente advogado e político Ram Jethmalani à emissora de televisão CNN IBN.

'Se o governo impede ou não os protestos, o que ele não consegue impedir é a raiva, o que afinal de contas significa uma má notícia para o Congresso quando as pessoas forem às urnas', afirmou M.J. Akbar, editor da revista India Today.

'As pessoas esperam que (o premiê Manmohan) Singh seja forte a respeito da corrupção, e não forte com aqueles que protestam contra a corrupção.'

Inicialmente, Hazare teve sua prisão decretada por uma semana. Levado à prisão de Tihar, ele ficou na companhia de vários ex-funcionários públicos detidos por corrupção, inclusive um ex-ministro de Telecomunicações suspeito de receber subornos bilionários.

'A segunda luta pela liberdade começou ... Esta é uma luta por mudança', disse Hazare em mensagem divulgada no YouTube. 'Os protestos não devem parar. Chegou a hora de que não haja mais espaço livre nas cadeias do país.'

As prisões chocaram muita gente na Índia, onde há uma viva lembrança da luta de Gandhi contra o regime colonial, muitas vezes com greves de fome e outros protestos não-violentos.

Muitos se perguntam até onde pode crescer o movimento liderado por Hazare, com seu apelo junto à classe média -- farta da corrupção, da impunidade dos governantes e dos serviços públicos ruins.

Em Bhopal, onde centenas de pessoas haviam participado de um protesto, um ativista anticorrupção foi encontrado morto dentro de um carro ensanguentado. Um chefe de polícia disse à Reuters que não está claro se o crime teve relação com os protestos.

O ministro do Interior, Palaniappa Chidambaram, disse que Hazare e vários outros líderes haviam sido colocados sob prisão preventiva para que não realizassem o protesto que ameaçavam fazer. 'O protesto é bem vindo, mas deve ser realizado sob condições razoáveis', disse Chidambaram em entrevista coletiva.

Na segunda-feira, a polícia havia proibido Hazare de fazer sua greve de fome perto de um estádio de críquete, porque ele se recusava a encerrar o jejum no prazo de três dias e a limitar a 5.000 o número de apoiadores presentes.

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