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O ator Christian Bale, protagonista de Batman, durante visita ao memorial às vítimas de atirador na cidade de Aurora, no Colorado | Joshua Lott/Getty Images/AFP
O ator Christian Bale, protagonista de Batman, durante visita ao memorial às vítimas de atirador na cidade de Aurora, no Colorado| Foto: Joshua Lott/Getty Images/AFP

Opinião

"Não há desculpa para facilitar a compra, o porte e o uso de armas"

Andrew Rosenthal, colunista do New York Times

Toda vez que acontece um massacre como o registrado em Aurora, no Colorado, os oponentes às leis de controle de armas defendem que lei nenhuma poderia ter evitado que um homem entrasse num cinema com três armas e abrisse fogo contra a multidão. Eles têm razão, assim como lei nenhuma poderia, absolutamente, ter evitado que criminosos obtivessem armas e disparassem uns contra os outros, próximos a um playground no Bronx (Nova York), matando um menino de 4 anos de idade, como aconteceu no último domingo.

Mas isso não é, de modo algum, uma desculpa para facilitar cada vez mais a compra, o porte e o uso de armas, ou para que os nossos líderes políticos continuem a se recusar a tomar medidas óbvias, como proibir o comércio irrestrito de armamentos em feiras de armas, ou venda de armas de assalto militares levemente modificadas, ou vendas online, sem regulamento, de munição e carregadores de munição capazes de armazenar até 150 projéteis de alto poder de fogo.

O acusado pelos assassinatos no Colorado possuía uma dessas armas militares modificadas, havia adquirido pela internet uma quantidade de munição de mais de 6 mil projéteis, além de coletes e outros artigos não esportivos, com carregadores capazes de armazenar até 100 projéteis e disparar de 50 a 60 projéteis por minuto.

A Campanha Brady para Prevenção de Violência Armada tem uma lista de 12 projetos de lei apresentados nos últimos três Congressos para limitar as vendas de feiras de armas; evitar a posse de armas por terroristas (qual a polêmica nisso?); aumentar as penalidades por venda de armas de segunda mão para criminosos; aumentar a idade mínima para elegibilidade para a compra de armas de fogo; e proibir carregadores de munição de alta capacidade ou restabelecer a proibição a armas de assalto.

Uma dessas leis passou em 2008, dificultando a compra de armas para criminosos condenados, portadores de doenças mentais, imigrantes ilegais e abusadores de mulheres e menores.

Oponentes ao controle de armamentos defendem que existem tantas armas que tentar controlá-las é um desperdício de tempo. É isso que eles vêm dizendo há décadas, com o resultado de que há agora uma estimativa de 1,1 arma de fogo para cada homem, mulher e criança dos Estados Unidos. Esse fato deveria ser uma motivação para reagirmos, não uma desculpa para o fracasso.

Tradução: Adriano Scandolara.

O número de vendas de armas no estado americano do Colorado subiu após o tiroteio em um cinema na cidade de Aurora, na sexta-feira, que deixou 12 mortos e 58 feridos, de acordo com o jornal The Denver Post. A verificação de antecedentes criminais de clientes, requerida no momento em que eles compram armas, subiu mais de 40% na sequência do ataque.

Também houve um aumen­­to de pessoas que buscaram treinamento para uma licença para porte de arma ocul­­ta, segundo a reportagem.­­ Portar um revólver ou outra arma em público de modo oculto é legal, permitido em 49 dos 50 estados americanos – a exceção é Illinois. "Foi insano", disse Jake Me­­yers, um empregado na Rocky Mountain Guns and Ammo na cidade de Parker, ao jornal, alegando que havia de 15­­ a 20 pessoas aguardando do lado de fora da loja quando ele chegou para trabalhar horas após o tiroteio.

Segundo Meyers, muitas pessoas diziam: "Não pensava que um dia eu precisasse de uma arma, mas agora eu preciso".

Fã do Unabomber

Ex-colegas de faculdade de­­ James Holmes, suspeito de ter feito os disparos durante a pré-estreia do filme Batman – O Cavaleiro das Trevas, em Au­­ro­­ra, contaram ao tabloide Dai­­ly Star que o estudante de 24­­ anos idolatrava o terrorista Ted Kaczynski, também conhecido como Unabomber.

Kaczynski é um assassino em série que matou três pessoas e feriu mais de 20, enviando cartas-bomba entre 1978 e 1995, quando foi finalmente detido.

Segundo Pete King, que cos­­tumava sair para beber com­­ Holmes, o suposto atira­­dor do Colorado falava de Kaczynski como um herói local. "Eu sabia que James era tímido e introvertido, mas seus olhos brilhavam quando ele falava sobre Ted (Kaczynski). Ele o chamava de gênio incompreendido", disse King.

O "Unabomber" cumpre pena em uma penitenciária federal em Denver, não muito longe de Aurora.

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