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Soldado carrega criança durante o resgate de turistas | Reuters
Soldado carrega criança durante o resgate de turistas| Foto: Reuters

Pelo menos 1.500 turistas esperavam para ser retirados por ar na quarta-feira de uma localidade próxima às ruínas incas de Machu Picchu, no sudeste do Peru, onde estão retidos desde domingo por causa das fortes chuvas.

Muitos turistas, a maioria estrangeiros, tiveram de dormir em barracas ou em abrigos improvisados na cidade de Aguas Calientes, enquanto cresce a preocupação com a falta de alimentos e outros itens essenciais, segundo testemunhas.

"Alguns dormiram ao relento, nos vagões do trem, sem itens básicos de limpeza, por exemplo", disse por telefone a uma emissora de TV a agente de turismo Cecila Molina, que está em Aguas Calientes.

Essa pequena cidade fica ao pé da montanha onde está Machu Picchu, principal atração turística do Peru. A região tem sofrido nos últimos dias fortes chuvas, que interromperam estradas e ferrovias e provocaram deslizamentos que mataram ao menos cinco pessoas.

Exceto pela trilha inca que dura quatro dias de caminhada, o único acesso a Machu Picchu é por trem. A última composição deixou a região no domingo, e desde então a empresa responsável considera que não há mais condições de operação.

Retirada lenta

O primeiro-ministro, Javier Valásquez, disse que até o momento 600 turistas foram retirados por helicópteros da polícia nacional e do Exército no Peru, mas que ainda faltam 1.500. Todos estão sendo levados até Ollantaytambo, perto da cidade de Cusco, que não sofreu muito com as chuvas.

Antes, o ministro peruano de Comércio e Turismo, Martín Pérez, disse que até quarta-feira espera retirar 800 turistas através de uma ponte aérea em 10 helicópteros, embora "tudo ainda dependa das condições climáticas".

O Ministério das Relações Exteriores do Peru ainda não autorizou a entrada de quatro helicópteros e um avião disponibilizados pelo governo brasileiro para socorrer os turistas que estão presos em Águas Calientes.

Segundo o chefe do departamento econômico da embaixada brasileira, Cláudio Bonamigo, o pedido foi feito na terça-feira (26), mas as autoridades peruanas preferem utilizar os próprios helicópteros. O embaixador brasileiro, Jorge Taunay, seguiu agora tarde para Cusco, a maior cidade da região. Ele vai acompanhar de lá o socorro aos 215 brasileiros que estão presos em Águas Calientes.

Só na tarde de quarta-feira, os helicópetros peruanos voltaram a fazer o transporte de parte dos 2 mil turistas de todo o mundo que estão ilhados em Machu Picchu. Pela manhã, os voos foram suspensos por conta da chuva. As aeronaves brasileiras são do Exército e da Aeronáutica e estão em Porto Velho esperando autorização de voo a Cusco.

Machu Picchu fica cerca de 2.450 metros acima do nível do mar, e a uns 1.100 quilômetros de Lima.

Funcionários da Defesa Civil disseram que as chuvas na região de Cusco devem durar até o fim de semana, mas com menor intensidade nos próximos dias.

A agente turística Molina disse que há crianças entre os turistas, que a alimentação é escassa, e que alguns comerciantes triplicaram o preço dos seus produtos.

A maioria dos turistas é da América do Sul, mas há também norte-americanos, europeus e asiáticos.

O governador da região de Cusco, Hugo Gonzáles, disse que o mau tempo já destruiu 1.200 casas, danificou 1.332 outras e afetou 10 mil pessoas. Oito pontes caíram, e 9.000 hectares de lavouras foram destruídos.

As chuvas de verão, frequentes nos Andes peruanos, estão mais intensas neste ano por causa do fenômeno El Niño, que segundo especialistas durará até meados de 2010.

O El Niño é um aquecimento anormal das águas do Pacífico equatorial, que causa chuvas excessivas em algumas áreas do planeta, e secas em outras.

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