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Cidades como Santiago, a capital do país, tem sofrido com o aumento da criminalidade | FELIPE TRUEBA/EFE
Cidades como Santiago, a capital do país, tem sofrido com o aumento da criminalidade| Foto: FELIPE TRUEBA/EFE

Andrea González administra um grupo de WhatsApp que se chama “Segurança Vizinhos”. É formado por 40 famílias da Villa Magisterio, no bairro de Las Condes, no Leste de Santiago. Dessa forma, conseguem alertar para movimentos suspeitos na região ou quando algum deles sofre um crime.

Um dia, foi um roubo a uma residência. Em outro, um ataque à filha de um vizinho. E, na sequência, foram as facadas que deram em um homem para levar o carro dele. E também há o caso de um vendedor de frutos secos que passa de casa em casa e adormece suas vítimas lhes dando um punhado de amendoim para provar.

Pelo que relatam no chat, os crimes são cada vez mais violentos e sofisticados. “Vivo há quase 40 anos aqui e nunca aconteceu nada. Desde 2013, a delinquência está muito grande”, comenta Andrea.

A 15 quadras de Andrea vive Raimundo Alegría, que também partilha do sistema de aviso por WhatsApp depois de uma terrível assalto a sua casa.

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O método de defesa da vizinhança está se multiplicando massivamente e com êxito em todos os bairros da região. Começou a se expandir há 14 meses, assim como os delitos: em junho passado, foi constatado um renascimento que obrigou a enviar ao Congresso uma lei antidelinquência.

Os números que deram o alerta são ratificados pelos Carabineros, a polícia chilena, por ONGs e por casos extremos, como o de um homem de Angola que teve oito dedos das mãos cortados — somente deixaram os polegares — em um assalto.

Ou como aconteceu no último sábado com o campeão da Copa América, Marcelo Díaz, de quem roubaram o carro no bairro de La Florida. Quando os criminosos mantinham a esposa dele sobre a mira de armas, seu sogro disparou pela janela e os bandidos fugiram. “Os marginais tomaram o país”, lamentou, depois, o jogador.

Números

Em 2015, já houve, pelo menos, 232 mil delitos de contexto social e 60 mil detenções por delitos violentos ou contra a propriedade, enquanto que 2014 foi o ano com o mais alto índice de vitimização desde 2000, segundo a Fundação Paz Cidadã. Assim, 43,5% das residências sofreram algum roubo ou tentativa de roubo. Segundo uma pesquisa do instituto Cadem, 76% acreditam que a delinquência aumentou.

“A sensação de temor é generalizada”, adverte o deputado Matías Walker.

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A Subsecretaria de Interior e os Carabineros afirmam que não é um aumento explosivo, mas os ilícitos violentos em Santiago, por exemplo, cresceram 0,3% entre janeiro e maio de 2015, e são 752 as ocorrências policiais diárias na área metropolitana, segundo a ONG Vítimas da Delinquência.

Em plena Copa América, outra organização convocou um panelaço que teve muita adesão no Bairro Alto. Houve zombarias e disputas entre políticos, até que, poucos dias depois, a Embaixada dos Estados Unidos no Chile publicou na internet uma mensagem para alertar seus cidadãos sobre o aumento de roubos em Santiago, particularmente de joias, câmeras, dinheiro, celulares e de carros parados nos sinais vermelhos.

Ainda que prejudique a imagem, o governo teve que assumir que a insegurança cresceu.

Sofía Henríquez, filha caçula da presidente chilena, Michelle Bachelet, teve o celular roubado quando saltava de um ônibus, após ser abordada por jovens com facas. A presidente contou o ocorrido durante uma partida do Chile na Copa América.

O ex-tenista Nicolás Massú, herói nacional, ganhador de duas medalhas de ouro nas Olimpíadas de Atenas, em 2004, teve um jipe roubado com a técnica do “portonazo” (“portãozaço”, em tradução literal): chegou na casa de uns amigos, saiu do carro para avisar que tinha chegado e foi abordado.

“Tive uma faca muito próxima. Por quatro vezes pensei que iam me enterrá-la”, contou Massú.

O roubo de veículos na porta de casa — que são usados para cometer outros delitos similares — é um dos crimes que mais aumentaram, admitiu o comandante dos Carabineros, Marco Jiménez.

Duas jovens detiveram a sogra de José Luis Becar, treinador de futebol na liga amadora do Chile, quando ela levava um bichinho de estimação ao veterinário.

“Uma delas entregou um papel, dizendo que era analfabeta, e que buscava um endereço que anotaram para ela. Minha sogra pegou o papel. A outra jovem fez o mesmo, e ambas acabaram conseguindo chegar na casa dela: levaram joias e dinheiro. Depois, na Polícia de Investigações, nos disseram que o papel tinha burundanga, uma droga que deixa a vítima vulnerável e que, por muito tempo, foi um mito urbano”, contou Becar.

Reações

Além do WhatsApp e de uma Cúpula de Segurança, foram criados grupos, como Juntos Contra a Delinquência e o Movimento Queremos Viver em Paz, que convocou outro panelaço para o dia 29 de julho, às 21 horas.

As prefeituras também aumentaram o alerta. A de Vitacura, por exemplo, que vigia suas ruas em 27 carros com câmeras HD, agora utiliza também o Sosafe, um aplicativo que de celular que funciona como um botão de pânico. Ao ativá-lo, uma patrulha de segurança deve chegar em não mais de dois minutos.

Um letreiro que promove o Sosafe foi instalado a metros de onde faz dois meses violentaram uma argentina que saiu para fazer corrida.

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