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Gonzaga (AE) – O embaixador da Grã-Bretanha no Brasil, Peter Collecott, e o subchefe da Scotland Yard (a polícia londrina), John Yates, foram ontem até a cidade de Gonzaga, no sudoeste de Minas Gerais, pedir desculpas pessoal e oficialmente à família de Jean Charles de Menezes, assassinado no dia 22, na capital inglesa, por policiais que o confundiram com um terrorista.

Trabalhando nas investigações das duas séries de atentados contra o sistema de transporte de Londres, nos dias 7 e 21, policiais à paisana seguiram Jean Charles, que correu para a estação de metrô de Stockwell, ignorando a ordem para parar. Já dentro de um vagão do metrô, Jean Charles foi morto com oito tiros – sete na cabeça e um no ombro. Organizações de direitos humanos condenam a política de "atirar para matar", justificada pelo governo em razão do alerta antiterrorista.

Collecott e Yates – que vieram, respectivamente, de Brasília e Londres, especialmente para o encontro – se solidarizaram com o sofrimento dos parentes e conversaram sobre a indenização que será paga pela polícia londrina, mas não falaram sobre valores ou datas do pagamento.

Os pais de Jean, seu Matozinho e dona Maria, o irmão, Giovani, e um dos primos, Alex, que morava com ele em Londres, se reuniram com a delegação na prefeitura de Gonzaga por cerca de uma hora, com o auxílio de um intérprete.

Segundo testemunhas que acompanharam o encontro, os ingleses disseram que compreendem a dor dos familiares. Lembraram que o país vive uma situação difícil, por conta dos últimos ataques terroristas, e trataram o caso como "uma tragédia". No entanto, não admitiram que cometeram um erro grave ao executar o rapaz com oito tiros. Eles discutiram também o pagamento da indenização, sem mencionar cifras.

Balanço

Na saída da reunião, Collecott considerou o contato amistoso e se disse emocionado com a reação dos parentes de Jean aos acontecimentos. Eles não deram entrevista.

A família vive na região rural de Gonzaga, a 15 quilômetros do centro do município. O pai é agricultor e a mãe, dona de casa. O irmão é administrador e mora em Campos de Jordão, na Serra da Mantiqueira (SP). Vivendo na Grã-Bretanha havia mais de três anos, Jean ajudava a família enviando parte do dinheiro ganho com seu trabalho de eletricista. Atualmente, estava contratado por uma empreiteira.

Jornais britânicos especulam que o valor da indenização giraria entre US$ 1 milhão e US$ 2 milhões (cerca de R$ 4,6 milhões). O cálculo seria feito multiplicando-se os anos de vida que Jean ainda poderia ter – ele morreu aos 27 – pelo salário que ganhava.

A Scotland Yard disse, segundo o jornal britânico Daily Mail, que pagará uma indenização inicial de "milhares de libras" à família de Jean Charles. Segundo o jornal, essa oferta, de caráter totalmente voluntário, não afetará a compensação final que a Scotland Yard terá de pagar pelo trágico erro de seus agentes, que custou a vida do trabalhador brasileiro.

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