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Um avião com 237 pessoas - entre elas, 12 bebês de colo - chegou na noite de sexta-feira em São Paulo, trazendo brasileiros que estavam na região de conflito no sul do Líbano, segundo o coordenador do grupo de apoio aos brasileiros no Líbano, embaixador Everton Vargas. A aeronave partiu de Damasco, capital da Síria.

Esse é o sexto vôo que o governo brasileiro e as companhias aéreas Tam e Gol organizam para retirar brasileiros que querem sair da região. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, 1.467 brasileiros já deixaram o Líbano. Destes, 1.222 partiram da região de conflito com ajuda do governo.

Mais dois aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) devem sair de Adana, na Turquia, neste fim de semana para trazer ao Brasil 224 pessoas que estão na cidade.

De acordo com o embaixador, ainda estão em Damasco 80 pessoas que aguardam a chegada de um avião para trazê-las de volta ao Brasil.

Outro comboio de ônibus está programado para sair de Beirute, capital libanesa, na próxima terça-feira, levando brasileiros para Adana, na Turquia.

Vargas disse ainda que não estão previstos mais comboios de ônibus para retirar brasileiros do Vale do Bekaa, no sul do Líbano, pois o consulado geral do Brasil em Beirute não recebeu informações sobre brasileiros que desejam sair da região.

A maior parte dos brasileiros que está sendo retirada do Líbano com auxílio do governo federal estava passando férias para visitar parentes no país quando começaram os bombardeios israelenses. De acordo com Sohel Iamuti, presidente do Instituto Futuro, entidade de cultura libanesa sediada na capital paulista, uma das que participaram da acolhida no Brasil dos brasileiros resgatados do Líbano, a maioria das pessoas trazidas tem familiares tanto no Brasil quanto no Líbano e não devem enfrentar problemas para se instalarem e permanecerem no país.

Rola Abdo, nascida no Líbano e naturalizada brasileira, é moradora de São Paulo, mas foi com o marido e mais três filhos passar as férias de julho em Trípoli, região norte do Líbano. Com o início dos ataques, Rola disse que procurou o consulado brasileiro em Beirute mais por precação do que devido ao medo.

- Eu nem queria vir, eu só fiquei com medo de fechar todas as fronteiras e eu não poder mais voltar. Minha casa é aqui, eu moro aqui. Fiquei com medo de ficar presa lá, não fiquei com medo da guerra - disse.

Rola que chegou no Brasil na última segunda-feira, em um avião da Força Aérea Brasileira, disse que teve de ir pessoalmente ao consulado brasileiro em Beirute para conseguir vaga nos vôos da Força Aérea. Ela e seus três filhos conseguiram, mas seu marido permaneceu no Líbano, e está tentando encontrar uma vaga nos novos vôos.

- Eu não conseguia pelo telefone, porque é muito difícil, sempre dava ocupado, aí eu fui direto para lá. É longe, mas é melhor ir pessoalmente. Vi que a cidade já estava bem acabada, mas não estava perigoso - contou.

Fátima Mohammed Yussef, libanesa, e residente no Brasil há 38 anos, não teve uma saída tão tranqüila do país. Apavorada com os ataques, Fátima chegou a deixar Beirute e fugir com a família para as montanhas, antes de saber que poderia requisitar uma vaga nos vôos. Fátima é naturalizada e tem seis filhos nascidos no Brasil.

- De repente começaram a bombardear. Ninguém sabia o que estava acontecendo, começou a cair prédio em cima de todo mundo. E a gente ficou sabendo que iam entrar com o exército e então a gente fugiu para a montanha - disse.

Ela disse que ficou com os parentes oito dias nas montanhas, região que, segundo ela, dificilmente é atacada. Para conseguir uma vaga nos comboios de retirada, Fátima disse que teve algum trabalho, mas não foi difícil.

- A gente chorou tanto que eles aceitaram - contou.

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