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O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, chegou nesta quarta-feira (29) em Teerã para a Cúpula dos Não-Alinhados, encontro que começará nesta quinta-feira (30) marcado pelo conflito sírio e a questão nuclear do Irã.

A presença de Ban na cúpula, que reunirá as 120 nações do Movimento de Países Não-Alinhados (MPNA), foi interpretada pelo regime islâmico iraniano como uma vitória diplomática, após a pressão exercida por seus inimigos, Israel e Estados Unidos, para que o secretário da ONU não participasse do encontro.

Após sua chegada em Teerã, Ban se reuniu com o líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, e o presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad, com quem conversou principalmente sobre a situação da Síria e a possibilidade de iniciar um processo de paz nesse país, imerso em uma guerra civil.

Em entrevista coletiva concedida antes dos encontros e após uma reunião com o presidente do Parlamento, Ali Larijani, Ban reconheceu a influência do Irã na hora de se buscar uma saída para o conflito sírio. "O Irã desempenha um papel muito importante na região (Oriente Médio e Golfo Pérsico), especialmente na questão da Síria, por isso quero tratar sobre isso nas reuniões com o presidente (Ahmadinejad) e outras autoridades", disse Ban.

Na mesma entrevista coletiva, Larijani pediu a Ban que a ONU interrompa "o aventureirismo de alguns países que pretendem solapar a estabilidade da região", em referência ao apoio dos Estados Unidos e seus aliados à oposição síria e às ameaças de Washington e Tel Aviv de atacar o Irã devido ao seu programa nuclear.

Hoje foi concluída a Reunião Ministerial Preparatória da Cúpula, que deixou pronto a declaração do encontro, que terá que ser aprovada no final da conferência. O Irã, fiel aliado do regime de Damasco, elaborou um projeto de paz para a Síria, baseado na não ingerência exterior e o diálogo, e manteve reuniões com representantes de vários países para incentivar sua aplicação. Apesar disso, existem divergências de opiniões entre os países participantes.

Além de Ban, participarão da cúpula o presidente egípcio, Mohammed Mursi, que propôs a criação de um "grupo de contato" formado pela Arábia Saudita, Egito, Irã e Turquia, as quatro principais potências muçulmanas da região e com diferentes posturas internacionais, para solucionar conflitos como o sírio.

Outra das questões que Ban disse que discutiria com as autoridades da nação árabe foi o programa nuclear do Irã, que alguns países, com os EUA à frente, além da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), suspeitam que pode ter fins armamentistas. Teerã, no entanto, garante que o programa é pacífico.

Khamenei afirmou hoje, na véspera da cúpula, que 116 dos 120 membros do MPNA apoiam o direito ao uso da energia nuclear com fins pacíficos por parte do Irã, apesar das pressões e sanções dos EUA e da União Europeia (UE). Para tratar desta questão, Ban tem programada uma reunião com o secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional e principal negociador da questão nuclear do Irã, Saeed Jalili.

Antes de viajar para Teerã, o porta-voz de Ban, Martin Nesirky, disse que o secretário da ONU, apesar dos convites iranianos, descartava visitar instalações nucleares no país, mas que pediria às autoridades do país que garantissem acesso para a AIEA. Além de Ban, já chegaram no Irã grande parte dos chefes das delegações que participarão da Cúpula dos Não-Alinhados, um grupo de países que reúne nações em desenvolvimento e que representa quase dois terços da ONU e mais da metade da população mundial.

Teerã está vivendo sob um forte esquema de segurança devido à cúpula, e desde esta quarta-feira diversas vias foram bloqueadas para facilitar a circulação das sete mil pessoas que participação do encontro. Além disso, os voos nacionais foram suspensos até sábado para não prejudicar a chegada e saída dos representantes internacionais.

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